Nos últimos anos, Portugal tem sido recordista nos Óscares do Turismo, mas quanto ao cinema a história é diferente. Desde 1980 que o país concorre, sem sucesso, ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.
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Este ano, Portugal voltou a tentar a sorte e candidatou "Peregrinação", de João Botelho, ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro mas voltou a ficar pelo caminho. Há 39 anos que o país submete um filme, mas nenhum chegou à "short list" das cinco longas-metragens que podem vencer a estatueta dourada. O filme foi escolhido pela Academia Portuguesa de Cinema.
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Desde 1980, foram submetidos filmes como "Manhã Submersa", de Lauro António, "O Lugar do Morto", de António Pedro Vasconcelos, "A Comédia de Deus", de João César Monteiro, "O Delfim", de Fernando Lopes", "Alice", de Marco Martins, "Sangue do Meu Sangue", de João Canijo, "As Mil e Uma Noites", de Miguel Gomes, "Cartas da Guerra", de Ivo Ferreira, ou "São Jorge" de Marco Martins.
O realizador recordista de filmes submetidos é Manoel de Oliveira, com oito longas-metragens, entre as quais "Francisca", "Canibais", "O Dia do Desespero", "Vale Abraão" ou "Um Filme Falado".
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Portugueses nos Óscares
No entanto, haverá portugueses na cerimónia deste ano. "Free Solo", nomeado para o Óscar de Melhor Documentário, tem na ficha técnica Joana Niza Braga e Nuno Bento, da equipa de som.
Eles são, respetivamente, "foley mixer" e "foley artist" do documentário da National Geographic, no qual os realizadores Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi acompanham o alpinista norte-americano Alex Honnold na escalada, sem cordas ou proteções, da parede de granito El Capitan, com 900 metros de altura, situada no Parque de Yosemite, nos Estados Unidos.
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Joana Niza Braga, em declarações à agência Lusa, explicou que todo o trabalho foi "feito remotamente" a partir de Lisboa, na pós-produtora de cinema Loudness Films e explicou o que é, afinal, ser "foley mixer" e "foley artist". "Muitas vezes aquilo que estamos a ver nos filmes, em termos de som, não está lá, não existe ou está muito mal gravado, especialmente no "Free Solo", em que temos o Alex a escalar uma montanha gigante", referiu, considerando que "deve ter sido muito difícil conseguir captar algum som decente" na rodagem do documentário.
Com o "foley", é possível "criar a ilusão de que existe essa proximidade com as personagens que estão no ecrã". "Por exemplo, temos o Alex a escalar e nós conseguimos ouvir a parede e todo o material dele, quando na verdade é tudo falso. É tudo criado por nós: pelo "foley artist" e pelo "foley mixer", que juntos trabalhamos para conseguir tornar esse som verdadeiro para aquilo que estamos a ver".
Também no ano passado, dois canadianos luso-descendentes foram nomeados, ambos pelo filme "A Forma da Água". Luís Sequeira foi nomeado para Melhor Guarda-Roupa (perdeu para "Linha Fantasma"), e Nelson Ferreira foi nomeado para Melhor Montagem de Som (perdeu para "Dunkirk").
Antes, Carlos de Mattos foi distinguido duas vezes pela Academia com certificados especiais, ou seja, prémios técnicos. Em 1983, venceu um "Technical Achievement Award" pela criação da "Tulip Crane", uma grua utilizada em filmes como "E.T. O Extraterrestre". Em 1986, recebeu um "Scientific and Engineering Award", pela criação de uma câmara de controle remoto utilizada em filmes como "África Minha".
O diretor de Fotografia Eduardo Serra foi nomeado duas vezes para o Óscar, pelos filmes "As Asas do Amor" e "Rapariga com Brinco de Pérola".
Em 2015, Daniel Sousa, um português de origem cabo-verdiana que viveu em Portugal até aos 16 anos, foi nomeado por "Feral" na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação.
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