Um ano depois dos movimentos #MeToo e #Time'sUp e de uma noite dos Óscares cheia de discursos no feminino, Hollywood vai dando alguns passos a caminho da paridade.
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Na edição do ano passado, houve vários discursos fortes, mas a vencedora do Óscar de Melhor Atriz Frances McDormand destacou-se. A atriz colocou a estatueta no chão, disse que o discurso ia ser longo e pediu às mulheres que estavam nomeadas para se levantarem e celebrarem com ela.
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"Olhem à vossa volta. Todas temos histórias para contar e projetos para financiar. Não falem connosco sobre isso nas festas desta noite. Convidem-nos para ir aos vossos escritórios daqui a uns dias ou podem ir aos nossos, o que for mais conveniente", afirmou. Frances McDormand pediu ainda aos colegas que se encontravam na sala para adicionarem uma cláusula de inclusão nos seus contratos, cláusula que obriga os estúdios a garantirem diversidade nas equipas de produção.
Depois deste discurso, um dos grandes estúdios de Hollywood, Warner Bros., adotou novas políticas neste sentido e atores, que também são produtores, como Matt Damon e Michael B. Jordan comprometeram-se a promover a cláusula de inclusão. No entanto, até agora, a Warner Bros., foi o único grande estúdio a assumir o compromisso.
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A agência Reuters entrevistou Kalpana Kotagal, uma advogada de direitos civis que ajudou a desenvolver o conceito legal da cláusula de inclusão, que explicou que esta medida está a servir também para encorajar a contratação de pessoas de outras raças e etnias, homossexuais, portadores de deficiência e pessoas mais velhas.
A advogada deu o exemplo do filme "Hala", que estreou no Festival de Sundance, em que os produtores preencheram a maioria das vagas técnicas com mulheres.
Mas vamos a números...
De acordo com um estudo citado pela Reuters ("The Annenberg Inclusion Initiative", da Universidade do Sul da califórnia), 40 dos 100 filmes mais vistos em 2018 tinham uma mulher como protagonista, o número mais alto desde que esta contabilização começou a ser feita há 12 anos. Estes 40 filmes incluem alguns dos nomeados deste ano para Melhor Filme, como "Assim Nasce Uma Estrela", "A Favorita" e "Roma".
Na 91.ª edição dos Óscares, 28 por cento dos nomeados são mulheres, o número mais alto da história.
No entanto, numa das categorias mais importantes - Melhor Realizador - não há nenhuma mulher nomeada e ao longo dos 91 anos dos Óscares apenas cinco chegaram a essa posição. Dessas cinco, apenas Kathryn Bigelow venceu em 2009.
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Isto leva-nos ao "4 percent Challenge" ("Desafio dos 4%", em português), proposto pelo "The Annenberg Inclusion Initiative" e pelo movimento "Time"s Up", que foi anunciado oficialmente no Festival de Sundance.
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O nome é uma referência direta à percentagem de filmes que foram realizados por mulheres na última década. O desafio pede um compromisso por parte dos estúdios e das produtoras para anunciarem pelo menos um filme realizado por uma mulher nos próximos 18 meses.
A Universal Pictures foi o primeiro grande estúdio a aderir ao desafio e, desde então, outros sete estúdios e mais de 120 atores, produtores e argumentistas comprometeram-se com o "4 percent Challenge".
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