"Tremendo feito." Robô espacial indiano confirma presença de enxofre no polo sul da Lua
Além de enxofre, as medições feitas pelo robô Pragyan revelam também a presença de oxigénio nesta região lunar.
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O robô indiano Pragyan confirmou a presença de enxofre no polo sul da Lua, anunciou, esta quarta-feira, a agência espacial da Índia, citada pela AFP.
A Índia tornou-se na semana passada o primeiro país a conseguir pousar uma sonda espacial no polo sul lunar e a quarta nação a concretizar uma alunagem.
"O instrumento de Espetroscopia de Decomposição Induzida por Laser (LIBS), a bordo da sonda Chandrayaan-3, fez as primeiras medições 'in-situ' da composição dos elementos da superfície lunar perto do polo sul", adiantou a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) em comunicado.
Estas medições "confirmaram inequivocamente" a presença de enxofre no polo sul da Lua, bem como de alumínio, cálcio, ferro e titânio.
Outras análises preliminares revelaram ainda a presença de manganês, silício e oxigénio nesta região lunar.
Desde 1970, com as amostras de Apollo, que se sabe que o enxofre estaria presente no solo lunar. Mesmo assim, em declarações à BBC, o cientista Noah Petro destaca as descobertas do robô indiano como "um tremendo feito".
Pragyan, que significa "sabedoria", saiu do módulo de aterragem Chandrayaan-3 e deu os primeiros passos poucas horas depois de ter pousado na Lua. Com seis rodas e movido a energia solar, este robô vai, durante duas semanas, percorrer o polo sul lunar, uma região inexplorada onde haverá grandes quantidades de água gelada, recolher e analisar amostras do solo e transmitir para a Terra imagens e dados científicos.
A missão Chandrayaan-3, lançada a 14 de julho, demorou 40 dias na viagem e pousou na Lua na quarta-feira passada, pelas 13h30 (hora de Lisboa).
A alunagem é um feito especial para a Índia, que assistiu em 2019 ao fracasso da missão antecessora, o Chandrayaan-2, que tinha o mesmo objetivo e falhou precisamente na manobra de desaceleração para pousar na superfície lunar.
Quatro anos após uma tentativa falhada, a Índia juntou-se agora ao clube muito restrito das grandes potências espaciais (Estados Unidos, Rússia e China) que chegaram à superfície da Lua.
Em 2014, a Índia tornou-se o primeiro país asiático a colocar uma nave na órbita de Marte e planeia enviar uma sonda em direção ao Sol em setembro. A Organização de Investigação Espacial da Índia deverá lançar uma missão tripulada de três dias à órbita da Terra no próximo ano e quer também, em 2025, lançar uma missão conjunta com o Japão para enviar mais uma sonda à Lua.
A Índia pretende ainda enviar uma missão a Vénus nos próximos dois anos.