Pseudociência e designação popular. Termo superlua azul "não tem nenhuma validade científica"
À TSF, Miguel Gonçalves afirma que a Lua é "sempre super", por causa da influência que tem na vida na Terra.
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Na noite desta quarta-feira será possível assistir ao fenómeno da superlua azul, mas Miguel Gonçalves defende que esse termo "de ciência não tem nada, quer o termo superlua, quer o tema cromático azul".
"Superlua é um termo que foi cunhado por um astrólogo americano no final da década de 1960, precisamente para um ar mais científico a uma pseudociência, que é a astrologia. Basicamente, define que se trata de uma superlua quando o ponto mais próximo da órbita da Lua à volta da Terra e o momento da lua cheia estão separados por um período pequenino de tempo, inferior a 110%. Mas isso, do ponto de vista científico, nada diz. Isso não é minimamente relevante, não tem nenhuma validade científica esse termo de superlua", explica, em declarações à TSF, o astrónomo português.
E a parte da cor? "E, depois, o azul, porque também foi estipulado popularmente, nem sequer do ponto de vista científica, que, quando no mesmo mês a lua consegue atingir os dois estados de lua cheia, recebe o nome de lua azul. É mais raro quando acontecem duas luas cheias no próprio mês, mas, do ponto de vista científico, é uma questão de mecânica celestial."
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O cientista afirma que "a Lua pode parecer ligeiramente mais brilhante e maior, mas para quem está habituado a ver a lua cheia não encontrará grandes diferenças" e defende que, para a comunidade, a Lua é sempre "super", por causa do papel que tem em toda a vida na Terra.
"Nós hoje sabemos que, do ponto de vista científico, os humanos que estamos aqui neste planeta temos de agradecer muito à Lua, porque ela teve influência naquilo que é a própria rotação do nosso planeta, o movimento das marés, como é que as marés também influenciaram o aparecimento e a passagem da vida dos oceanos para a terra. Portanto, do ponto de vista científico, a Lua é sempre super. Para os românticos e apaixonados, acredito que possa ter uma beleza mais específica nestes dias, mas é importante salientar que para os cientistas a Lua é sempre um objeto celestial absolutamente fascinante", argumenta.
Nos últimos tempos, várias agências espaciais, nomeadamente dos Estados Unidos da América, da China e da Índia, estão a realizar missões exploratórias do satélite natural da Terra e isso, de acordo com Miguel Gonçalves, mostra a importância que o corpo celeste tem na vida do nosso planeta.
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"Se tudo isto promover um maior encontro entre os humanos e a Lua, então, enquanto comunicador de ciência, eu já fico contente", afirma o astrónomo.
O céu vai iluminar-se esta noite (de quarta para quinta-feira) com mais uma superlua. Esta é a segunda superlua do mês de agosto, também conhecida por "lua azul". O fenómeno raro será visível em todo o mundo e Portugal não é exceção.
"A lua passa todos os meses pelo ponto mais próximo da Terra (perigeu) e pelo ponto mais distante da Terra (apogeu). Quando a lua está no ponto mais próximo da Terra, ou perto dela, ao mesmo tempo que está cheia, ela é chamada de superlua. Durante o fenómeno, como a lua cheia está um pouco mais próxima da Terra do que o normal, ela parece maior e mais brilhante no céu", explica a NASA.