O analista informático agradeceu à Rússia a concessão de asilo político naquele país. Os EUA dizem estar desiludidos com a decisão e questionam o efeito que a decisão russa terá na cimeira Obama-Putin, prevista para setembro.
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Edward Snowden agradeceu hoje à Rússia por lhe ter sido concedido asilo temporário que lhe permitiu abandonar o aeroporto de Sheremetievo, onde estava há mais de um mês.
Numa nota enviada à imprensa, entretanto divulgada pela WikiLeaks, o analista informático criticou o governo dos Estados Unidos por «não mostrar nenhum respeito pela lei».
«Agradeço à Federação Russa por outorgar-me asilo de acordo com as obrigações para com as leis locais e internacionais», diz a nota. «No final , é a lei que vence», acrescenta.
Antes, o advogado que representa Snowden em Moscovo, explicou que se trata de um «asilo temporário», com a duração de um ano, um procedimento habitual das autoridades russas que depois renova as concessões por igual período.
A decisão russa já está a ser fortemente criticada pelos Estados Unidos.
O senador democrata Charles Schumer, numero três do partido no Senado, veio a público incitar o presidente Barack Obama a não realizar a próxima cimeira do G20 na Rússia.
«A Rússia apunhalou-nos nas costas . A cada dia que é permitido a Snowden permanecer no país, a faca é espetada mais fundo», disse o senador.
Antes, foi a vez da Casa Branca ter manifestado desapontamento com a decisão do governo russo.
Os Estados Unidos estão «extremamente desiludidos» com a Rússia pela concessão de asilo ao fugitivo Edward Snowden, e estão a refletir sobre a manutenção de uma cimeira conjunta prevista para setembro, declarou a Casa Branca.
«Estamos extremamente desiludidos pelo facto de o governo russo ter adotado esta decisão apesar dos nossos pedidos muito claros e legais, em público e em privado, para assistir à expulsão de Snowden para os Estados Unidos, onde deveria responder às acusações que lhe são dirigidas», afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Na perspetiva do porta-voz do Executivo, a decisão russa «compromete um prolongado balanço sobre a cooperação» em termos de segurança entre Moscovo e Washington.
Interrogado sobre a manutenção de uma cimeira bilateral no início de setembro entre o Presidente Barack Obama e o seu homólogo russo Vladimir Putin em Moscovo, antes da cimeira do G20 de São Petersburgo, Carney sugeriu que a sua concretização está agora incerta, após semanas de ambiguidade sobre esta questão.
«Não tenho informações sobre o programa mas, evidentemente, [o asilo concedido a Snowden] não é um desenvolvimento positivo», referiu. «Temos numerosos interesses com os russos, e estamos a avaliar a utilidade de uma cimeira», precisou.