"Vivo em Jerusalém e vou morrer aqui." Nas ruas da Cidade Velha, o medo é uma "doença" para os palestinianos
Mais do que nunca, judeus e palestinianos olham por cima do ombro quando se cruzam na Cidade Velha de Jerusalém.
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Em Jerusalém, os palestinianos que costumam ir trabalhar estão em casa, na Cisjordânia, há uma semana. Os que vivem na Cidade Velha no bairro árabe não estão mais tranquilos.
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De preto, só o rosto a descoberto, Drazen fala com a TSF a medo, baixinho, parece ter medo de tudo - pelo povo, pelos filhos e pelo marido que está na Cisjordânia a trabalhar com jornalistas estrangeiros.
"O meu marido é cameramen na Associated Press e agora está em Ramallah. É muito difícil, não há segurança", conta, num inglês que não domina.
Falta vocabulário para tanto motivo para tanto medo. Aos 42 anos, com cinco filhos, Drazen descreve estes dias como "uma doença". Uma doença grande, estranha, que ataca o corpo e a alma.
"Com crianças é um grande problema", lamenta.
A vida dos Palestinianos nunca foi fácil, nem aqui, na parte árabe da Cidade Santa, mas Drazen vive aqui e não tenciona deixar a sua casa. "Não vou a lado nenhum. Vivo em Jerusalém e vou morrer em Jerusalém."
Quanto ao que se passa do outro lado, em Gaza, Drazen entrega tudo nas mãos de Deus.