Mariana Mortágua: discussão do OE será feita numa "perspetiva de continuidade"
Em entrevista à TSF, a dirigente do BE diz, no entanto, que a exigência para com o executivo irá "mais longe" na recuperação de rendimentos e reposição de salários.
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Mariana Mortágua diz que o Bloco de Esquerda encara a discussão do Orçamento do Estado para o próximo ano numa "perspetiva de continuidade", mas que tal significa que os bloquistas pretendem ir "mais longe" no objetivo de recuperar os rendimentos e repor os salários dos trabalhadores.
Em entrevista à TSF, na X Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, em Lisboa, a deputada foi ainda questionada sobre a situação na Caixa Geral de Depósitos e sobre se o BE daria 'luz verde' a um orçamento retificativo para recapitalizar a Caixa.
"Queremos ver muito bem esclarecido qual o montante da recapitalização, mas não alinho na chantagem da mensagem da direita, que diz que a Caixa Geral de Depósitos não serve para nada", disse, na resposta.
E acrescenta: "Vamos ver se o valor em causa é ou não excessivo".
Mariana Mortágua abordou ainda as questões da economia e do sistema financeiro, defendendo: "Não temos instrumentos para lidar com o problema [do desenvolvimento da economia] enquanto a nossa política for dominada pela obsessão do défice. O país precisa de recentrar as suas prioridades e ter instrumentos para intervir na economia".
"Esta UE é um projeto em degradação"
Na ressaca do resultado do referendo no Reino Unido, Mariana Mortágua considera que "não é surpresa nenhuma que haja grupos políticos que se aproveitem da deceção" que existe atualmente em vários países da União Europeia.
"O radicalismo está na Comissão Europeia e crescem, à esquerda e à direita, críticas à UE. E o Governo português tem de perceber isso mesmo" acrescenta, defendendo que a União Europeia "é um projeto em degradação".
Sobre eventuais sanções a Portugal, a deputada entende que essa eventual posição das autoridades europeias "cairá no descrédito" e que a Comissão Europeia "cometerá um erro enormíssimo" caso decida aplicar sanções a Portugal por défices excessivos.
E insiste: "Quem sanciona políticas internas são os povos e os eleitores".