O ex-coordenador do BE diz que "sempre fez sentido" um referendo para impedir que "a Europa se feche". Convenção também deve discutir "responsabilidade europeia" do Bloco.
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"Portugal devia ter feito referendos há muito tempo. Devia ter feito um referendo para a entrada na União Europeia, sobre o Euro e foi prometido um referendo sobre o tratado que deu origem ao Tratado de Lisboa. Lembram-se disso? Portanto, consultas populares devem ser feitas", defendeu Francisco Louçã.
À entrada para a X Convenção do Bloco de Esquerda, que decorre durante o fim de semana, em Lisboa, o ex-coordenador do Bloco de Esquerda foi questionado pelos jornalistas sobre os resultados do referendo no Reino Unido - e sobre se, à semelhança de outros estados-membros, também Portugal deveria refletir sobre a possibilidade de se avançar para um referendo.
Na resposta, Francisco Louçã acrescentou ainda que "a escolha do momento e a escolha da mobilização" são decisões políticas que cabem aos partidos, mas sublinhou: "Sempre fez todo o sentido um referendo que possa tomar posição para impedir que a Europa se feche, para proibir a Europa de fazer um acordo sórdido com a Turquia ou para proteger a criação de emprego"
No entender de Louçã, a atual Europa, que considera ser liderada por Angela Merkel, "não tem qualquer capacidade de responder aos cidadãos europeus, até porque, salienta, se trata de um "projeto falhado" que "redundou em autoritarismo e finança selvática sobre as pessoas".
Também aqui, defende Francisco Louçã, a Convenção bloquista deverá servir para procurar "uma proposta" e para fazer "uma reflexão" sobre "o crescimento do BE e sobre o aumento da sua responsabilidade, que é também uma responsabilidade europeia".
Pouco antes da intervenção de Catarina Martins, o fundador do BE afirmou ainda que as questões europeias são "centrais" para a vida política portuguesa, e mais ainda num momento em que os portugueses estão perante a ameaça de "sanções" por parte das instituições europeias.
Nesse sentido, acusa Francisco Louçã, Bruxelas tem lidado de forma diferente com os problemas dos diversos países: com uma "crueldade na forma de gestão política" e uma "discricionariedade completa".
Bloco está "unido" e 'Geringonça' tem feito "caminho notável"
"É um partido unido e que fala muito forte na sociedade e é assim que eu gosto de ver este Bloco de Esquerda, que recuperou e se uniu. Só unindo forças se pode unificar a resposta no país", disse Francisco Louçã, que, deixou ainda elogios ao percurso da maioria parlamentar de esquerda: "Tem feito um caminho notável".