A eurodeputada Ana Gomes disse hoje no congresso do PS, em Santa Maria da Feira, que antevê eleições mais cedo do que aquilo que o Presidente da República deseja.
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Numa intervenção no XIX Congresso do PS, no período dedicado ao debate da moção de António José Seguro, Ana Gomes retomou as críticas à intervenção do chefe de Estado na sessão solene do 25 de Abril, que foram feitas por vários socialistas no primeiro dia de Congresso.
«Está dito que o PS só volta ao poder com eleições mas pode voltar mais cedo do que o Presidente da República deseja, Presidente que só tenho a desejar que termine com dignidade o seu mandato», disse, parafraseando uma frase que Cavaco Silva, enquanto primeiro-ministro, dirigiu ao então Presidente da República Mário Soares.
A crítica mereceu a salva de palmas até agora mais intensa desta manhã de trabalho do segundo dia de Congresso, que decorre até domingo, em Santa Maria da Feira (Aveiro).
Para a eurodeputada, o PS «poderá regressar mais cedo ao poder porque este Governo desgoverna e está em decomposição», e pediu que a primeira reforma socialista incida sobre a justiça e as forças de segurança, «contra a impunidade dos corruptos e criminalidade organizada com banca, na banca, que enriquece à custa de capturar agentes políticos e do Estado para esfoliar cofres do Estado».
A segunda reforma, defendeu, tem de incidir no Estado: «Cabe ao PS emendar a mão e travar a espiral de 'outsourcing' que, no passado, os seus Governos também ajudaram a avolumar para engordar escritórios de advogados e serviços de consultadoria, o BPN, o BPP, as PPP, os 'swap', as obras e aquisições públicas com corrupção».
A eurodeputada pediu também uma reforma do sistema fiscal e um reforço do orçamento próprio da União Europeia para o crescimento e emprego em vez do «pífio orçamento de menos de um por cento do PIB europeu, que é o que o coitado do presidente Durão arranjou para fazer cantar a União».
Pedido o fim das «políticas austericidas» com "quartel-general na chancelaria Merkel", Ana Gomes lembrou que em maio do próximo ano os europeus vão eleger, pela primeira vez, o presidente da Comissão Europeia.
«Precisamos lá de um europeísta com visão, ganas e garras para salvar Europa do veneno ultraliberal da Europeia», disse.