Aumento do IUC: "Sensação de falta de justiça social não deve ser subestimada"
Alexandra Leitão antecipa uma "mitigação" do valor a ser pago por quem tem carros anteriores ao ano de 2007. O IUC e a proposta de OE para 2024 subiram a debate n'O Princípio da Incerteza, da TSF e CNN Portugal.
Corpo do artigo
A deputada socialista Alexandra Leitão sugere que o PS não deve subestimar a perceção de injustiça social que está a criar-se com a proposta de aumento do Imposto Único de Circulação (IUC) para os carros mais antigos.
O aumento está incluído na proposta de Orçamento para o próximo ano e a intenção foi confirmada pelo primeiro-ministro no debate quinzenal com os deputados, na semana passada. No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, Alexandra Leitão deixou em aberto um cenário de ser o próprio grupo parlamentar socialista a corrigir a proposta do Governo.
"É uma questão de detalhe, vale 800 milhões de euros, creio que não é nada de especial no Orçamento, mas tem um valor simbólico que eu acho que não deve ser subestimado. A sensação de injustiça ou de falta de justiça social é muito importante em si mesmo. Relembro que muitas das pessoas que têm carros anteriores 2007 estarão provavelmente nos 48% a quem a redução de IRS é irrelevante porque já não o pagavam", atira Alexandra Leitão.
Questionada sobre se acredita que o IUC vai cair nos termos propostos, Alexandra Leitão antecipa que deverá ser "mitigado".
TSF\audio\2023\10\noticias\23\alexandra_leitao_1_iuc
Nesta análise à proposta do Orçamento do Estado para 2024, Lobo Xavier defende que o problema do PS já não é uma questão de dinheiro, mas de não governar bem e de não ter os serviços públicos a funcionar bem. Lobo Xavier alerta ainda que se não se fizer nada no futuro vai ser preciso aumentar os impostos.
"No federalismo financeiro nos países com estrutura federalista, os Estados nunca têm políticas muito agressivas de tributação e de apoios sociais, porque as pessoas em livre circulação mudam de Estado e ficam nos Estados muito assistencialistas apenas os que precisam, mas como esses precisam de pagadores de impostos, os pagadores de impostos vão para os sítios onde os impostos são mais baixos e essa tendência já estamos a vê-la em Portugal. É uma tendência de empresas, de localização de investimentos, mas também de jovens, de talentos e de trabalhadores", explica.
"Queremos mais pessoas capazes de pagar impostos para proteger um número enorme de pessoas frágeis ou estamos indiferentes a isso e vamos ter um país de grande maioria de assistidos com uns desgraçados que levam sobre os seus ombros toda a carga da assistência?", questiona.
TSF\audio\2023\10\noticias\23\antonio_lobo_xavier_oe
A socialista Alexandra Leitão concorda que o Orçamento do Estado devia ser um instrumento mais estrutural, algo que não tem sido. O debate na generalidade será realizado daqui a uma semana, na Assembleia da República.