Pedro Filipe Soares recusa enveredar por um "populismo fácil" sobre este caso, mas avisa que ninguém pode estar acima da justiça.
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O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, alertou esta terça-feira que é preciso deixar que a justiça faça o seu trabalho nas investigações que envolvem o ministro João Galamba e ao primeiro-ministro António Costa de modo que "garanta que não há nenhum interesse intocado".
Em declarações aos jornalistas a partir do Parlamento, o representante bloquista defendeu que não devem ficar "responsabilidades por apurar" e exorta a justiça a percorrer de forma "célere" o caminho que tenha de seguir.
"Que garanta que não há nenhum interesse intocado que não deva responder perante a justiça", desejou o bloquista, recusando tirar "conclusões precipitadas" sobre as buscas ao gabinete do primeiro-ministro e enveredar por um "populismo fácil".
"Apure-se o que houver a apurar, investigue-se o que houver a investigar, investigue-se o que houver a investigar e culpe-se quem se deva culpar de qualquer ilegalidade", reforçou, assinalando que os bloquistas não têm mais informações sobre as investigações do que aquelas que já são públicas.
Questionado pela TSF sobre se o BE, como a IL, pede a demissão de Costa, Pedro Filipe Soares aponta a necessidade de deixar a justiça trabalhar, garantindo que "não há ninguém que tenha um poder tal que esteja acima" desta.
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Costa investigado de forma autónoma
O primeiro-ministro, António Costa, é alvo de uma investigação autónoma do Ministério Público (MP) num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, revelou a Procuradoria-Geral da República (PGR).
"No decurso das investigações surgiu, além do mais, o conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do Primeiro-Ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido. Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente", lê-se numa nota divulgada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido pelo MP no inquérito relacionado com os negócios do lítio e hidrogénio verde.
"O Ministério Público procedeu ainda à constituição como arguidos de outros suspeitos da prática de factos investigados nos autos, designadamente do Ministro das Infraestruturas e do Presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente", indica uma nota da PGR, citando assim João Galamba e Nuno Lacasta nesta investigação.
De acordo com a PGR, estarão em causa os crimes de prevaricação, de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influência.
A investigação visa as concessões de exploração de lítio nas minas do Romano (Montalegre) e do Barroso (Boticas), um projeto de central de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines e o projeto de construção de "data center" desenvolvido na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade "Start Campus".