
Francisco Van Zeller
A CIP ameaçou não assinar o acordo de concertação social, isto se as alterações que propôs não forem aceites pelo Governo. A CGTP quer analisar melhor o documento do Governo e por isso abandonou a reunião de concertação social.
A Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) ameaçou não assinar o acordo de concertação social, que está a ser discutido esta quarta-feira, seguindo assim o mesmo caminho que a CGTP pretende.
O presidente da CIP explicou que enviou alterações ao documento proposto pelo Governo na terça-feira às 20:00 e que se estas não forem aceites este parceiro patronal não assinará o acordo.
«Não é absolutamente seguro que subscrevamos este documento se não forem aceites as alterações que já estavam acordadas. Houve no último documento alterações ao que estava acordado», confirmou Francisco Van Zeller.
O líder desta confederação adiantou que foram pedidas cerca de 40 alterações ao último documento do Governo e que estas mudanças envolviam questões importantes e outras em que a forma da escrita levantava dúvidas sobre o conteúdo.
Minutos após o início da reunião de concertação social, a CGTP abandonou o encontro, tendo o líder desta central sindical indicado que as centenas de artigos constantes nas 33 páginas do Código de Trabalho precisam de ser analisados profundamente.
«O Governo propõe fundir todo o texto do Código do Trabalho, 689 artigos, com os 499 da regulamentação. Essa fusão provocará interpretações muito delicadas que só quando estiverem plasmadas em texto podem ser percebidas», acrescentou Carvalho da Silva.
Para este dirigente da CGTP, a proposta do Governo não só prejudica os trabalhadores como também significa um «retrocesso social inquestionável que é preciso que todos tomem consciência e um ferimento na democracia».
Carvalho da Silva considerou que a cedência do Governo na questão do despedimento por inaptidão foi só uma «encenação» para dizer que a havia negociação e lembrou que esta proposta não é mais que um «ataque à contratação colectiva».
«Há uma ausência de respostas mais profundas que se exigem no combate à precariedade e mexe-se na determinação, nos mecanismos de controlo e da retribuição do tempo de trabalho profundamente em desfavor dos trabalhadores», acrescentou.