Costa responde a Cavaco: "Preocupa-se com o seu lugar na história, eu estou preocupado com o futuro dos portugueses"
Primeiro-ministro respondeu ao artigo de opinião do antigo Presidente da República.
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Na resposta ao artigo de opinião de Cavaco Silva, que desafia António Costa a fazer "mais e melhor", o primeiro-ministro diz que, em contraste com o antigo Presidente da República, que se preocupa com o seu lugar na história, está preocupado com o futuro dos portugueses e espera, em 2025, contar com o ex-chefe de Estado para o homenagear pelos 40 anos do "já longínquo Governo" que liderou.
"O artigo é muito interessante e relativamente ao qual não tenho muito a responder. Cavaco Silva preocupa-se com o seu lugar na história, eu estou preocupado sobretudo com o futuro dos portugueses. Temos de fazer mais e melhor. Quanto ao passado de Cavaco Silva, tenho procurado valorizar o trabalho dos meus antecessores", afirmou António Costa, à margem de uma iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Espanhola.
Sublinhando que já fez, em 2016, uma homenagem na ocasião dos 40 anos sobre a tomada de posse de Mário Soares como primeiro-ministro, e uma outra a Francisco Pinto Balsemão no ano passado, António Costa lançou desde já as bases de uma outra celebração.
"Em 2025 espero contar com o professor Cavaco para lhe fazer uma homenagem pelos 40 anos desse já longínquo governo em que iniciou a sua governação", desejou.
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Num artigo em forma de carta aberta a Costa, intitulado "Fazer mais e melhor do que Cavaco Silva", o ex-chefe de Estado felicitou António Costa pela maioria absoluta do PS nas legislativas de 30 de janeiro, passados quatro meses, pedindo desculpa pelo atraso.
"Foi uma vitória da sua pessoa como líder do PS. Somos agora colegas no que à conquista de maiorias absolutas diz respeito", escreveu Cavaco Silva. Depois, recordando o período em que governou também com maioria absoluta - entre 1987 e 1995 - Cavaco Silva desafiou o primeiro-ministro a "fazer mais e melhor" nesta legislatura com as condições de que dispõe.
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À margem da iniciativa desta sexta-feira, António Costa foi também confrontado com as declarações que Marcelo Rebelo de Sousa fez na quinta-feira, pedindo "mais diálogo" no processo de descentralização. No entanto, Costa não viu as palavras do Presidente da República como uma crítica.
"O processo de descentralização é o mais ambicioso que o país tem desde 1976. São dezenas os diplomas elaborados, não há um único que não tenha tido o acordo da Associação Nacional de Municípios. Muitos dos cálculos que tinham sido feitos perderam atualidade porque as transferências de competências deviam ter sido feitas em 2020. Na área da saúde, onde o diálogo foi menos intenso por causa da Covid, estamos a recuperar muito desse atraso e temos de continuar a trabalhar. Este é um processo contínuo, que vai exigir diálogo permanente", acrescentou o primeiro-ministro.