"Escolha foi dele." Manuel Alegre considera que Marcelo "desperdiçou" estabilidade do país
Em declarações à TSF, o histórico socialista diz que o Presidente escolheu sozinho convocar as eleições antecipadas, perante a divisão dos conselheiros de Estado.
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"Trocámos a estabilidade por uma provável instabilidade", considera Manuel Alegre à TSF. O conselheiro do Estado, que na reunião de quinta-feira votou contra a dissolução da Assembleia da República, afirma que Marcelo Rebelo de Sousa tem competência constitucional para decidir livremente e que "a escolha foi dele".
"Trocámos o certo pelo incerto", considera. " É improvável que as eleições vão dar a maioria absoluta a qualquer partido e isso vai gerar instabilidade", preconiza. O antigo deputado e candidato à Presidência da República considera que, se o Partido Socialista ganhar, poderá ter que negociar coligações à esquerda, gerando uma nova "geringonça", "se os partidos estiverem de acordo e for possível". O histórico do PS adverte que o contrário também pode acontecer, se o PSD vencer as eleições legislativas poderá resultar numa coligação à direita "e provavelmente com o Chega", situação que considera " complicada".
Manuel Alegre lembra que o país tinha o "luxo" de ter uma maioria absoluta no Parlamento, "uma situação de privilégio na Europa".
"Num mundo com duas guerras, com um processo inflacionista não resolvido, é um luxo que se desperdiça para o país", acrescenta. "Fomos deitar fora um bem precioso, que a maior parte dos países não consegue, a estabilidade", acrescenta.
O ex-deputado acredita que a proposta do PS de fazer avançar Mário Centeno para liderar o governo era a mais acertada, afirmando que o governador do Banco de Portugal é "uma pessoa de grande experiência política e governativa, com prestígio nacional e internacional, e que iria dar um refrescamento a este governo".
Manuel Alegre confessa que a reunião do Conselho do Estado convocada pelo Presidente da República foi tensa. "Como o senhor Presidente anunciou foi um empate, oito a favor da dissolução [da AR] e oito contra, mas a decisão do Conselho do Estado não é vinculativa", lembra. " O Conselho do Estado podia ter-se pronunciado todo contra a dissolução, mas se fosse essa a vontade do Presidente, era essa a que prevalecia".
"Houve um empate e o Presidente decidiu", conclui.