Aprovação do OE? Edite Estrela admite "reservas" e diz que grupo parlamentar do PS ainda vai decidir
A socialista confessou à TSF que nunca pensou "assistir a uma situação destas", em que "uma espécie de nota de rodapé" de um comunicado do Ministério Público acabou por "derrubar um Governo de maioria absoluta".
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A vice-presidente da Assembleia da República Edite Estrela (PS) confessou, na TSF, ter "algumas reservas" em relação à aprovação da proposta de Orçamento do Estado para 2024 apesar da saída do Governo e dissolução do Parlamento. Por isso, o grupo parlamentar ainda vai reunir-se para decidir se aprova ou não o OE.
"Ainda tenho de meditar muito sobre isso e isso é um debate que ainda vamos fazer no seio do grupo parlamentar socialista. Tenho algumas reservas, mas obviamente que alguém vai argumentar para que possa ultrapassar essas minhas reservas, mas esse ainda é um debate que vamos fazer", afirmou Edite Estrela.
A socialista admitiu que nunca pensou "assistir a uma situação destas", em que "uma espécie de nota de rodapé" de um comunicado do Ministério Público acabou por "derrubar um Governo de maioria absoluta" e provocar eleições pouco tempo depois deste Governo ter entrado em funções.
"Aliás, ninguém entende. Tenho recebido inúmeras mensagens de ex-colegas do Parlamento Europeu e de atuais colegas da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa que manifestam uma grande perplexidade", contou a antiga deputada do Parlamento Europeu.
No entanto, Edite Estrela acredita que o PS, partido com uma "longa história e longo futuro", está preparado para se "adaptar às novas situações", ainda que tenha sido surpreendido.
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"O nosso congresso vai ser antecipado e vamos escolher uma nova liderança. Tudo isso vai acontecer normalmente como acontece nos partidos e países democráticos", garantiu.
Para já, a socialista não quer tomar qualquer posição dentro do partido, mas acredita que no PS há "muitas pessoas que têm perfil" para a liderança e vê Mário Centeno como uma "boa solução" para um Governo de transição.
"Esta crise que ninguém esperava e que o país não merece vai ter custos elevados. Políticos, económicos, financeiros e sociais. Paralisar o país durante meses e realizar eleições tem custos, ainda para mais em tempo de guerra e quando temos prazos curtos para executar o PRR. Sinto uma enorme revolta e preocupação em relação ao futuro e à nossa democracia", disse Edite Estrela.
Por fim, quando questionada se está disponível para uma nova candidatura para deputada do PS, Edite Estrela respondeu que "ainda é cedo para tomar uma decisão dessas".
"Isto foi tudo muito recente. Dia 7 de novembro foi um dia muito triste, muito lamentável, ainda preciso de adaptar-me a essa situação. O que menos me preocupa neste momento é o meu futuro pessoal", acrescentou a vice-presidente da Assembleia da República.