PSD "com comboio em andamento" para eleições antecipadas e sem resistências à vista
São Caetano à Lapa quer mostrar um partido preparado, "tranquilo, sem medos nem euforias" e já com "o comboio em andamento" para as eleições de 10 de março. Críticos de Montenegro devem manter-se quietos, apesar de algumas bolhas continuarem a suspirar por Pedro Passos Coelho.
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Ninguém no país esperava que o governo implodisse e precipitasse as eleições, mas no PSD a mensagem está afinada para mostrar coesão e, sobretudo, a alternativa ao Partido Socialista nas eleições de 10 de março. Ainda há quem suspire por outro líder em alguns círculos, mas nem os mais críticos admitem publicamente que possa haver contratempos no período eleitoral que agora se abre.
Nos corredores da São Caetano assume-se que esta pode ser a oportunidade para que o partido consiga regressar ao poder e a mensagem que toda a gente quer passar é a de coesão. De resto, o congresso estatutário marcado para este mês vai manter-se nos mesmos moldes, apesar de se reconhecer que ganhou maior preponderância política.
"Vai ser uma amostra de um partido unido e coeso", diz um alto dirigente social-democrata que realça também que, "face à degradação do governo", foram sendo "aceleradas várias etapas".
"Tínhamos o CEN a trabalhar proficuamente, o presidente do PSD tem tido reuniões variadas com a sociedade civil", assume-se, para mostrar que "o comboio já estava em andamento" e que não foram "apanhados desprevenidos". De resto, o CEN tem marcada reunião para este sábado, em Fátima. A localização é para agradecer pela atual situação? "Já estava marcado", alega-se na São Caetano sem entrar na provocação da TSF.
"O PSD está muito tranquilo e muito focado em merecer a confiança dos portugueses, não há medos nem euforias, estamos tranquilos", diz um dirigente que é corroborado por outro influente social-democrata que aponta para um partido "sereno". Mas será?
Em algumas alas mais críticas, para já, o tempo é de observação e não é expectável que surjam empecilhos no caminho de Luís Montenegro. No entanto, em alguns grupos de militantes, ainda não foi ultrapassada a eterna possibilidade de Pedro Passos Coelho voltar para assumir as rédeas do partido, seja através de mensagens, seja com áudios que circulam em conversas a manifestar que o antigo líder seria a pessoa ideal para recuperar o poder no país.
"É verdade que os suspiros agora interessam pouco. Mas há um sentido de Estado em grande falta neste país", confidencia fonte social-democrata insuspeita de estar alinhada com a direção. Questionada se é uma farpa para a atual estrutura, não se pronuncia.
E é também de algumas vozes insuspeitas que surgem alguns alertas a bem do partido: "tem de existir sentido de responsabilidade". "Não aprecio o que andavam a fazer ao Luís Montenegro", diz um crítico desta direção que reconhece, ainda assim, que "as eleições têm riscos enormes", concordando com a análise de que, em caso de derrota, o PSD terá uma situação muito complicada no xadrez político futuro.
E é precisamente pelo "sentido de responsabilidade" que o caminho deverá estar livre de pedras na engrenagem para a atual liderança. Afinal, "este pode ser o momento", acredita-se nos bastidores social-democratas.