"Interferência" e "falhas de governança" na TAP: Siza Vieira sugere que Costa deve tirar "lições" do caso
No Bloco Central, da TSF, o ex-ministro reconhece que os episódios em torno da empresa têm origem "patológica" e avisa que "muita gente pensa que é assim que se gerem as empresas públicas", quando "não é".
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O antigo ministro da Economia Pedro Siza Vieira defende que o primeiro-ministro deve mostrar que tirou "lições" do caso TAP e que a imagem do Governo sai "muito desgastada" de um caso que demonstra "falhas de governança" e "interferência" na gestão da empresa.
O atual comentador do programa Bloco Central, da TSF, afirma que algumas das revelações na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da companhia aérea revelam falhas de "governança" e afetam a perceção pública do executivo.
"Não basta, como o primeiro-ministro fez, alegar que quem deu origem a estas coisas, quem geriu isto de forma patológica, entretanto tomou a iniciativa de sair do Governo", assinalou Siza Vieira.
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Para o ex-governante, "a forma como se permitiu que isto se passasse" e os "sinais" de que havia problemas, como os "comentários a propósito de coisas como a frota" ou o "episódio do despacho sobre o novo aeroporto" são sinais dos "problemas de governança que se permitiu que se instalassem".
Apesar de ter a noção de que "isto é uma coisa patológica", o comentador alerta que a sucessão de episódios está a deixar "muito desgastada" a imagem do Governo e deixa mesmo um aviso: "Podemos ter a certeza que muita gente pensa que é assim que se gerem as empresas públicas, que não é."
Perante este cenário, "é bem necessário que o primeiro-ministro perceba que alguma coisa tem de mostrar como lições tiradas disto".
Sobre os depoimentos na CPI à TAP, Siza Vieira defende que "também revelam falhas de governança muito significativas" perante uma situação especialmente sensível.
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"Numa empresa que está a ser gerida, que está no mercado, que está a gerir um plano de reestruturação e que está a executar num contexto muito difícil, não pode haver interferência do acionista e, neste caso, até de uma tutela política na gestão quotidiana", assinala o antigo ministro, nomeando a troca de mensagens sobre o voo do Presidente da República como um episódio "que seria cómico se não fosse trágico".
Nele, "o secretário de Estado revela não só falta de senso em muitas coisas, mas uma disponibilidade para interferir numa decisão operacional que não pode caber-lhe a ele", critica. O sucedido revela "falhas de articulação e até mesmo ocultação de aspetos essenciais da governação da empresa entre as duas tutelas [Infraestruturas e Finanças] que têm de se articular em coisas evidentes".
Pode ouvir o Bloco Central na íntegra esta sexta-feira, excecionalmente depois das 14h00, na TSF e sempre em tsf.pt.