"Não sinto incómodo." Marcelo nega que fé católica esteja a influenciar o mandato
Presidente da República relembrou que não é a primeira vez que fala sobre este assunto e que qualquer caso de abuso sexual é, para si, "muito grave".
Corpo do artigo
Marcelo Rebelo de Sousa foi criticado por vários partidos pelas declarações sobre o número de queixas de abusos sexuais na igreja católica e, depois do comunicado no site da Presidência da República, negou, em declarações, à RTP que a fé católica esteja a influenciar o seu mandato.
"Acha que a fé católica influencia quando o Presidente da República pega numa denúncia em relação ao mais importante dos bispos portugueses e assina, ele próprio, para que o chefe da casa civil imediatamente transmita ao Ministério Público? Haverá muitos casos em democracia, mesmo em países menos católicos, em que isso aconteça? Não sinto incómodo, a democracia é isso, é aceitar as críticas. Tem de se conviver assim", explicou Marcelo Rebelo de Sousa.
Perante as críticas, o chefe de Estado relembrou também que não é a primeira vez que fala sobre este assunto e que qualquer caso de abuso sexual é, para si, "muito grave".
15245254
"Pus a minha assinatura na suspeita que me chegou relativamente a um bispo, não tive um instante de dúvidas. Já me tinham feito a pergunta há uns meses e eu disse mais ou menos o que disse hoje. Para os milhões de pessoas que contactaram com instituições religiosas católicas nestes 60 anos, acho curto o número de 400 e tal. Há muitos mais. A convicção da Comissão Independente, de referências a terceiros, é de que há mais. Não é uma desvalorização, é o achar que infelizmente as minhas expectativas eram muito superiores. Parece-me curto para aquilo que penso que foi o fenómeno em Portugal e no mundo", esclareceu o Presidente da República.
O Presidente da República afirmou esta terça-feira que o número de casos de abusos de menores validado pela Comissão Independente "não parece particularmente elevado face à provável triste realidade", admitindo números "muito superiores" no país.
Antes, à tarde, o Presidente da República já tinha comentado o número de testemunhos validado pela Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, com afirmações que suscitaram críticas de vários quadrantes políticos, nomeadamente do BE, IL, Chega, PAN e Livre.
Marcelo Rebelo de Sousa tinha afirmado não estar surpreendido com as 424 queixas de abusos sexuais contra crianças na Igreja Católica e considerou que não é um número "particularmente elevado" comparado com "milhares de casos" noutros países.