No PS "já toda a gente apoiou toda a gente e o seu contrário": o que distingue Carneiro e Pedro Nuno?
Em entrevista à TSF, o antigo responsável socialista nota que as razões da demissão do Governo criam um momento favorável à "direita populista", pelo que a esquerda terá o desafio de convencer os portugueses a mantê-la no poder. Antes, o PS escolhe pelo menos entre José Luís Carneiro, um "candidato forte", e Pedro Nuno Santos, que "deve moderar-se".
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O antigo governante do Partido Socialista (PS) Paulo Pedroso, agora fundador do Causa Pública, um grupo de reflexão para a esquerda, vê em José Luís Carneiro uma figura capaz de liderar os socialistas.
O atual ministro da Administração Interna tem a favor o facto de nunca ter visto o nome envolvido em polémicas e não deve ser penalizado por, no passado, ter estado ao lado de António José Seguro, até porque no PS praticamente "já toda a gente apoiou toda a gente e o seu contrário".
Quanto a Pedro Nuno Santos, há um aviso para o caso de querer mesmo chegar a primeiro-ministro: deve refrear-se, mas o almoço com Francisco Assis não fez parte dessa estratégia. "Deriva, se calhar, de outro tipo de leituras: hipotéticas candidaturas presidenciais", vaticina na TSF o ex-militante.
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Acredita que as próximas eleições antecipadas vão ser difíceis, tanto à esquerda como à direita, e está convicto de que a forma como decorrer o debate político dos próximos meses vai determinar se, em março, há um novo acordo à esquerda ou acordos de Governo à direita.
O antigo responsável socialista sublinha também que são atípicas as condições em que vão acontecer as legislativas do próximo ano, sobretudo por culpa do PS, e por isso é dentro do partido que deve começar o debate: "Isto de algum modo também vai condicionar o posicionamento dos partidos à esquerda."
As razões da demissão do Governo, argumenta ainda, tornam a agenda favorável, em particular, ao "nosso partido da direita populista" e à ideia da mudança do partido no executivo: essa será a primeira batalha da esquerda, a de saber se os portugueses vão confiar numa mudança de rumo ou se querem uma governação com o "mesmo sentido de sensibilidade social que teve depois de 2015, ainda que com correções de rumo".