Paulo Rangel mantém o Chega fora da equação política à direita e rejeita chamar "geringonça" a um cenário que una PSD, CDS e IL: "Primeiro, não é uma coisa feita nas costas das pessoas e depois, não passa linhas vermelhas."
Corpo do artigo
No dia em que se revelou o regresso da Aliança Democrática com uma coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS, o vice-presidente social-democrata Paulo Rangel deixa desde já a porta aberta para um entendimento com a IL no pós-eleições que pode incluir a integração numa "solução de Governo". Já o Chega continua "fora de questão".
Em declarações à TSF, Rangel não deixa de notar que os liberais se retiraram de um acordo "antes de haver qualquer convite, fosse de quem fosse", pelo que, a haver conversas, será apenas depois de 10 de março.
"Já sabemos: entendimentos com o Chega, designadamente e como se sabe, estão fora de questão, portanto aqui não há nenhuma novidade. Com certeza que, se for necessário, no pós-eleitoral, poderá haver conversações com a IL, que pode eventualmente integrar uma solução de Governo, e fora disso não vejo outro quadro que não seja o de um governo minoritário", aponta o responsável social-democrata.
TSF\audio\2023\12\noticias\21\paulo_rangel_1
Desafiado a esclarecer então se, em março, os portugueses poderão ir às urnas escolher entre uma de duas geringonças - uma à esquerda e uma à direita -, Rangel recusa que o acordo entre PSD e CDS - e talvel IL - caiba sequer nessa definição, tanto porque "não é uma coisa feita nas costas das pessoas", como porque "não passa linhas vermelhas", algo que acusa o PS de ter feito em 2015.
"Quer o PCP, quer o BE são partidos antieuropeus, são contra a integração no Euro, são partidos contra a presença na NATO... Isso é que é uma geringonça, é quando alguém faz uma ginástica para ir contra os seus próprios valores, uma coisa que o PS - porque o PS é um partido europeísta e um partido pró-NATO - resolveu fazer", avalia Rangel, que descreve a situação como um "entendimento com partidos que não fazem parte do consenso que definiu a democracia portuguesa".
Por outro lado, "a IL está dentro desse consenso", pelo que um acordo entre a nova AD e os liberais "não é geringonça nenhuma".
TSF\audio\2023\12\noticias\21\paulo_rangel_2
"Seria eventualmente um acordo político perfeitamente expectável e que, aliás, está anunciado", outro contraste que identifica face a 2015, porque "quando se tratou da geringonça, o dr. António Costa não disse a ninguém, calou-se muito calado, porque não teria tido o resultado que teve se tivesse dito que ia fazer" a geringonça.
Em suma, "é tudo transparente e tudo muito claro" para o PSD e CDS: "Partimos para ganhar as eleições, para ganhar uma maioria que seja suficiente para governar e, se isso não for possível, há um entendimento possível com a IL, que infelizmente não quis participar numa frente ampla."
Os objetivos da reedição da AD são "por o país a crescer e tratar do nosso Estado social, que está numa situação extremamente periclitante", com o PSD e o CDS como "pivôs" num cenário "que está alargado claramente a independentes e aberto naturalmente a outros".
Os presidentes do PSD e do CDS-PP vão propor aos órgãos nacionais dos seus partidos uma coligação pré-eleitoral, a Aliança Democrática, para as legislativas de março e as europeias de junho.
"Os presidentes do Partido Social Democrata e do CDS-Partido Popular acordaram hoje propor aos órgãos nacionais dos respetivos partidos a celebração de um acordo político para a formação da Aliança Democrática, uma coligação pré-eleitoral com o horizonte do atual ciclo político, abrangendo as eleições legislativas e europeias de 2024", refere um comunicado conjunto dos dois partidos.