"O que aconteceu é nada." Ministro da Economia nega contactos com Lacerda Machado
O ministro da Economia, António Costa Silva, foi implicado nas escutas da Operação Influencer, mas garante que nunca foi contactado "em 20 meses de Governo".
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O ministro da Economia garantiu esta segunda-feira que "nunca" contactou ou foi contactado pelo consultor Diogo Lacerda Machado e afastou um cenário de demissão do Governo.
"O meu nome foi implicado numa escuta aparentemente de Diogo Lacerda Machado, que diz que me iria contactar. Nunca contactou, estou há 20 meses neste Governo e nunca tive contacto com ele, nem ele comigo. Isso é uma mão cheia de nada", disse o governante aos jornalistas no final da abertura da Web Summit, que começou esta segunda-feira em Lisboa.
Garantindo que "o que aconteceu é nada", o governante apontou também, perante a insistência dos jornalistas que houve "zero" contacto consigo da parte do Ministério Público. Porque num Estado de Direito "ninguém está acima de lei", o ministro pediu que "tudo o que possa ser feito" para combater a corrupção deve ser feito e defendeu a "integridade absoluta" do primeiro-ministro, António Costa.
"De tudo o que conheço, é uma pessoa de idoneidade absoluta. Tem mais de 30 anos de serviço à causa pública e nunca esteve minimamente envolvido em que quer que seja", assegurou.
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Horas depois de João Galamba se ter demitido, o ministro da Economia rejeitou comentar a opção, indicando apenas que "terá as suas razões e toda a gente tem o direito a escolher o seu futuro", esclarecendo também que a saída do secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, se deveu ao direito "a escolher a nossa vida" e "a pedido do próprio" não tem nada a ver com o caso.
Questionado sobre se está também a ponderar sair do Governo, negou e garantiu estar de "consciência absolutamente tranquila".
O advogado Magalhães e Silva disse, este domingo, que o Ministério Público reconheceu o lapso na transcrição de uma escuta a Diogo Lacerda Machado, onde é referido o ministro da Economia, António Costa Silva, mas transcrito apenas António Costa, o primeiro-ministro.
"Foi o dr. Lacerda Machado que deu sinal ao Ministério Público que havia efetivamente esse lapso e o Ministério Público reconheceu", disse o advogado aos jornalistas à entrada para o tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa.
Em causa está a escuta a uma chamada telefónica entre o ex-administrador da Start Campus Afonso Salema e Diogo Lacerda Machado, consultor da empresa, em que o primeiro pede ao segundo que aborde o Governo para que interceda numa alteração em matéria de códigos de atividade económica para os centros de dados.
O primeiro-ministro demitiu-se, na terça-feira, depois de saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do Ministério Público a negócios do lítio, hidrogénio e centro de dados de Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de março.