Pacote de apoio. Marcelo diz que PSD "ajudou imenso" e Governo optou pelo "equilíbrio"
Chefe de Estado assinala que os social-democratas abriram dois "caminhos" que estavam por explorar, incluindo o da "entrega direta de rendimento às famílias, algo que na pandemia não se fez".
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O Presidente da República considerou esta segunda-feira que o pacote de apoios às famílias hoje anunciado pelo Governo é "uma solução equilibrada", considerando que "o PSD ajudou imenso" e que há "um consenso implícito".
Em declarações à porta do Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que a solução do Governo "não é tão ambiciosa como outras que foram propostas, mas também não tem o risco de poder ser atacada", nomeadamente por outros países da União Europeia.
O chefe de Estado recordou que, durante a governação socialista de José Sócrates, muitos países europeus disseram que "era preciso gastar" e, depois, questionaram: "mas como é que foram gastar tanto".
Questionado pela TSF sobre se este é um pacote positivo, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que, "em síntese, perante as opiniões contraditórias que havia, do que se sabe das posições do BCE e das necessidades dos portugueses relativamente ao aumento da inflação", é uma "solução equilibrada".
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"Se me perguntam se gostaria que fosse mais ambicioso? Gostaria, mas daqui a uns meses isso vai ser escrutinado intensamente. Sabe a pouco, mas fazer tudo o que os portugueses precisariam teria custos muito elevados em termos de equilíbrio financeiro português se esta guerra se prologasse", disse.
Marcelo assinalou também que "não é muito habitual" um Governo em Portugal assumir um travão às rendas, pagando ainda aos senhorios e avançar para uma baixa do IVA na eletricidade é "um plano de choque", porque "depois o problema vai ser como é que se recua nisso em termos tributários".
O chefe de Estado salientou que este é o primeiro pacote de apoios para as famílias, haverá outro para as empresas e depois o Orçamento do Estado para 2023, em que "dificilmente não haverá" medidas para a função pública.
PSD "não imagina como ajudou"
Sobre se será possível um amplo consenso, face às críticas do PSD e da restante oposição, o chefe de Estado considerou que "a oposição tem de dizer que é curto", mas salientou o papel dos sociais-democratas, que também apresentaram as suas propostas para um programa de emergência social.
"Eu acho que o PSD ajudou imenso, não imagina como ajudou, falou antes, admitiu uma injeção de dinheiro diretamente nas famílias e o aumento da despesa, é uma viragem significativa para o PSD. Essa viragem é boa para o PS, que seria se o PSD dissesse 'lá estão eles a gastar dinheiro, põem em causa o princípio do equilíbrio orçamental'", afirmou.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, "o PSD teve sentido de Estado e contribuiu", considerando que tal significa "um consenso implícito" entre os dois maiores partidos.
O Presidente da República atribui ao partido um "papel duplo importante" ao ter mostrado "três semanas mais cedo um caminho que facilitou a tarefa do Governo", por "abrir caminho a uma coisa nova, que é a entrega direta de rendimento às famílias, algo que na pandemia não se fez", contribuindo também para a "maleabilidade do aumento da despesa pública, importante porque o PSD tinha uma autoridade especial no equilíbrio das contas públicas".
Os sociais-democratas apontavam também "para uma baixa de impostos mais ampla", em contraste com a "manutenção" que se regista agora. O Governo foi "menos ambicioso", mas "mais seguro" do que o que o PSD propunha.