Raimundo em duas frentes: dos que se "abotoam" ao crescimento às "lágrimas de crocodilo" num interior esquecido
Paulo Raimundo volta a colar as políticas do PS às da direita e pede "reforço setores estratégicos".
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Junto à Serra da Estrela, na Covilhã, Paulo Raimundo traçou as políticas do Governo de António Costa que "condenam" o interior do país. O secretário-geral do PCP defende que a regionalização tem de avançar "de uma vez por todas" e volta a colar o PS à direita, com muitos a "abotoarem-se" com o crescimento económico.
Nos próximos dois dias, os comunistas deixam a Assembleia da República e instalam-se nos distritos de Castelo Branco e da Guarda, para as jornadas parlamentares do partido, com o foco na Serra da Estrela.
Na sessão de abertura, o secretário-geral comunista lamentou que o caminho do Governo seja pela "eliminação de freguesias e o consequente afastamento entre os órgãos eleitos e a população, manutenção das portagens, redução e eliminação de carreiras rodoviárias, falta de investimento na ferrovia".
E daí a pergunta de Paulo Raimundo para os governantes: "De que servem as lágrimas de crocodilo e os lamentos hipócritas pela desertificação?". O PCP recusa "o pressuposto de que o interior está condenado", até porque "não está e não aceitamos que o condenem".
Os comunistas pedem "o reforço dos serviços públicos e dos setores estratégicos" para servir os portugueses. São necessárias políticas, diz Paulo Raimundo, que sirvam o "povo e não os grupos económicos e os seus acionistas que delapidam os recursos que devem ser de todos para aumentarem os seus lucros".
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Na Assembleia da República, o PCP apresenta propostas para "alterar o rumo", mas as iniciativas estão, desde logo, "condenadas" pelo alinhamento do PS com a direita: "PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal alinharam-se como os astros se alinham para os seus objetivos".
"A economia cresce, todos os dias nos afiram isto, é a crescer por todo o lado, sempre a subir, mas o crescimento da economia não se reverte no bolso dos trabalhadores e dos reformados. Mas há quem se esteja a abotoar e muito bem a esse próprio crescimento", disparou Paulo Raimundo.
E, na Serra da Estrela, um ano depois do grande incêndio que marcou o verão de 2021, o PCP quer medir o pulso ao que foi feito pelo Governo, depois de várias "promessas" e "anúncios" às populações.
"Não faltaram anúncios e promessas da parte do Governo. Foi dito que seria uma oportunidade. Importa perceber o que foi feito e o que está por fazer. O que foi feito na recuperação da área protegida? Que apoios foram atribuídos aos pequenos produtores, pequenos agricultores? Que medidas foram tomadas para não perder o potencial produtivo?", questionou a líder parlamentar Paula Santos.
A questão dos incêndios é um dos aspetos centrais que os comunistas "pretendem avaliar" nos dois dias de trabalhos, entre Castelo Branco e a Guarda.