Relatório preliminar é "frete" ao Governo e "um embaraço para o trabalho parlamentar"
André Ventura apela a Augusto Santos Silva que "transmita ao PS que isto não é uma brincadeira".
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O relatório preliminar da comissão de inquérito à gestão da TAP é "um embaraço para o trabalho parlamentar. E para todos aqueles que nele participaram, incluindo o próprio Partido Socialista", considera André Ventura.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o líder do Chega, diz que ficou com uma certeza: "na verdade, este relatório foi escrito pelo Governo" e "feito à medida".
António Costa prometeu tirar consequências das conclusões da CPI à TAP, mas "é fácil dizer que se vai tirar ilações políticas de um relatório que sabemos que não vai apontar o dedo a absolutamente nada", aponta André Ventura.
"Quando um relatório vem dizer que esta não foi uma responsabilidade de Pedro Nuno Santos, que era ministro à altura e que deu o seu ok, ou do secretário de Estado, as pessoas perguntam-se o que é que estivemos aqui a fazer estes meses todos. Quando se diz que não havia interferência política, mas todos vimos, ouvimos e lemos as mensagens, os contactos, ou por vezes ausência de contactos", condena.
A omissão do caso que envolve João Galamba e o ex-adjunto Frederico Pinheiro no ministério das Infraestruturas é, para André Ventura, especialmente condenável. "Se isto não é um frete ao Governo eu acho que ninguém vai compreender mais o conceito frete ao Governo a partir de agora", ironiza.
O relatório chega "ao ponto ridículo", diz Ventura, de não só ilibar o Governo de responsabilidades, como também apontar o dedo ao governo de Pedro Passos Coelho pela privatização da TAP, dita "apressada" e mal feita.
E em relação a Alexandre Reis, o PS "entende que foi um caso único, pontual. Mas de quem foi a responsabilidade? O relatório é incapaz de dizer."
O líder do Chega considera mesmo que o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, "deveria olhar para este relatório e transmitir ao PS que isto não é uma brincadeira nem é um canal de comunicação do Governo".
O relatório de uma comissão parlamentar de inquérito "deve expressar aquilo que lá se discutiu, as conclusões que lá se retiraram, as análises que lá se fizeram, mesmo que nem sempre consensuais. E era isso que hoje o país esperava", considera.