Se relatório da CPI à TAP "tivesse sido escrito por Costa e Galamba não seria muito diferente"
Bloco de Esquerda defende que o relatório da CPI à TAP tem omissões "feitas à medida dos interesses" do primeiro-ministro e do ministro das Infraestruturas,
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O Bloco de Esquerda considera que o relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP podia ter sido escrito por António Costa e João Galamba, "tal é a forma como retira de cima da mesa uma parte relevante dos acontecimentos".
"Então e o papel de João Galamba na demissão da CEO da TAP? Não existiu?", questiona Pedro Filipe Soares em declarações aos jornalistas na Assembleia da República. "É irrelevante a forma como a CEO é demitida da TAP e a relação da tutela política sobre esse acontecimento? E a apresentação de resultados que não aconteceu porque a tutela política deu ordens para que não acontecesse? Isso deve ser ignorado?"
"Ou já agora, os acontecimentos da noite de 26 de abril, que criaram uma pressão tamanha no ministério que levaram àqueles acontecimentos que nos envergonham a todos aparentemente. Só não envergonham nem ao primeiro-ministro, nem o ministro João Galamba", condena.
Os relatores justificam a decisão de não incluir no relatório que envolve o ex-adjunto Frederico Pinheiro com o facto de não dizer respeito à tutela política da TAP sobre esta matéria.
Para o Bloco de Esquerda, "é incompreensível que haja tamanha omissão, um buraco completo no relatório da TAP, que parece feito à medida dos interesses de João Galamba e do primeiro-ministro. E daí dizemos que se tivesse sido escrito por eles não seria muito diferente."
"Parece feito à medida do primeiro-ministro que não quis até agora retirar consequências políticas e que usará este relatório para manter exatamente a mesma posição: não retirar as consequências políticas da ação de João Galamba, quando o país já percebeu que ele não deveria estar como ministro das Infraestruturas."
No debate deste relatório na Assembleia da República o Bloco de Esquerda tenciona apresentar proposta de alteração, revela Pedro Filipe Soares. "Há matérias que têm de ser corrigidas entre a versão preliminar e a versão final", defende.