CPI à TAP. PSD vota contra "relatório levezinho" e vai apresentar próprias conclusões
Para os social-democratas, o "infeliz episódio" do SIS e recolha do computador também devia fazer parte do relatório.
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O deputado do PSD Paulo Moniz defende que as conclusões do relatório provam que o PS "demonstrou não resistir à tentação" e apresentou um documento que feito à medida para que não exista qualquer consequência política para o Governo.
"Se o primeiro-ministro disse que iria tirar consequências políticas, o relatório foi feito para que essas consequências políticas não existissem. É um relatório levezinho, que não tem atenção às vastas audições e na comissão de inquérito mais seguida por todos os portugueses. Qualquer pessoa não se revê naquilo que viu e ouviu nas audições. Começando pelo caso de Alexandra Reis, todos vimos que foi um processo continuamente acompanhado pelo secretário de Estado das Infraestruturas, anuência do ministro e, portanto, todas as análises e acompanhamento político, anuência e ingerência foram patentes até à exaustão no decurso das audições", defendeu Paulo Moniz.
Para os social-democratas, o "infeliz episódio" do SIS e recolha do computador também devia fazer parte do relatório.
"Este facto, que é de uma gravidade muito grande no quadro da democracia, no quadro da confusão e da ingerência entre o Estado e PS é pura e simplesmente apagado deste relatório e isso é inadmissível. Uma das funções deste relatório é que seja enviado ao Ministério Público, como habitualmente é feito. Como é que se pode enviar um relatório omitindo este facto, que é de uma gravidade extrema? Tudo isto são razões para que o PSD vote contra este relatório e não se possa rever nesta tentativa de salvar o que já não tem salvação no Governo de António Costa", rematou o deputado do PSD.
O relatório preliminar da comissão de inquérito parlamentar sobre a TAP conclui pela inexistência de evidências de interferências políticas na gestão da empresa e salienta os impactos negativos para os trabalhadores resultantes do plano de reestruturação.
Estas são duas das linhas centrais da proposta de relatório apresentada esta quarta-feira em conferência de imprensa pela deputada socialista Ana Paula Bernardo, que procurou passar uma ideia de abertura em relação a alterações face à versão inicial do documento da sua autoria.
De acordo com a deputada relatora, "não se registaram situações com relevância material que evidenciem uma prática de interferência na gestão corrente da empresa por parte da tutela", ou seja, por parte dos ministérios das Finanças e das Infraestruturas.
Os partidos podem apresentar até 10 de julho propostas de alteração a esta versão preliminar. A discussão e votação do relatório em comissão parlamentar de inquérito está marcada para 13 de julho e a sua apreciação em plenário para 19 de julho.