A Revista Visão divulgou hoje, ao início da tarde, uma gravação que confirma existência de «um pacote VIP». É desta maneira que Victor Lourenço, o chefe dos serviços da Autoridade Tributaria anunciou em janeiro a criação de tratamento especial para alguns contribuintes.
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O anúncio pode ser escutado num excerto de uma gravação que a revista Visão divulgou ao início da tarde. Trata-se de uma intervenção feita por Victor Lourenço perante mais de 200 trabalhadores durante uma ação de formação de candidatos a inspetores tributários, realizada a 20 de janeiro.
Em declarações à TSF, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, Paulo Ralha, diz que sindicato tem varias gravações de reuniões, nas quais foi anunciada a criação desta lista especial de contribuintes.
Estas declarações vão ser publicadas na edição de amanhã. A revista Visão revela a gravação que contraria a narrativa do Governo e do Fisco sobre a lista VIP. E adianta que os acessos ao cadastro fiscal do Presidente da República também foram investigados pelos serviços de auditoria.
De acordo com a Visão, na primeira sessão da formação, durante a manhã - que contou com 300 pessoas - Vítor Lourenço referiu-se a uma «bolsa VIP». Na sessão da tarde - aquela que foi gravada e divulgada pela revista, - o chefe de serviços de auditoria do fisco já fala num «pacote VIP», esclarecendo os cerca de 200 candidatos a inspetores presentes sobre a existência de uma lista referente a um grupo de pessoas detentoras de «cargos políticos» ou «mais mediatizadas». Eventuais acessos «indevidos» aos dados deste «pacote VIP», explica Vítor Lourenço, são identificados online.
Nas gravações divulgadas pela Visão, ouve-se também o responsável dizer, durante a formação, que na conceção das aplicações usadas pelo fisco é descurado o «controlo interno». Vítor Lourenço diz mesmo que houve sete pessoas que tiveram acesso aos «dados do primeiro-ministro» indevidamente, tendo ficado provado que houve «promiscuidade».
Lourenço refere-se também ao Presidente da República, dizendo que ficou registado o caso de «uma senhora que queria saber quanto ganhava o Presidente», tendo acedido aos seus registos, mas que os superiores hierárquicos tiveram «conhecimento na hora» e a funcionária foi ouvida «dois dias depois».