O juiz assume-se como conservador, defende que "é importante a fidelidade conjugal" e considera que a sociedade é "muito machista", mas garante que ele não é machista, nem misógino.
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Nem machista, nem misógino, conservador sim. Em entrevista ao semanário Expresso o juiz Neto Moura rejeita ter qualquer problema com as mulheres e sublinha que os casos de violência doméstica que julgou não são "particularmente graves.
Sobre os acórdãos polémicos em que interveio reconhece a que poderia não ter feito algumas considerações, mas nada que o impeça de desempenhar as funções de magistrado.
Ao Expresso, Neto de Moura garante que tem "ponderação, equilíbrio e sentido de justiça necessários para ser um bom juiz" e considera que fazer referência à Bíblia num acórdão "não é despropositado", porque "a sociedade é muito influenciada pela cultura judaico-cristã". Ele próprio acredita em Deus e foi educado de acordo com os valores da religião cristã, mas ao longo dos anos foi-se afastando da Igreja.
O juiz assume-se como conservador, defende que "é importante a fidelidade conjugal" e considera que a sociedade é "muito machista", mas garante que ele não é machista, nem misógino.
Neto de Moura sente-se lesado e ofendido pelas críticas de que tem sido alvo, fala mesmo em atitude cobardes de que o critica e em "atitude hostil" por parte de associações feministas.
Também critica os pedidos de afastamento de que foi alvo, porque isso é, na opinião dele, um ataque à separação de poderes.
O juiz desembargador recusa ter tido uma atitude de hostilidade para com as mulheres e lamenta que as vitimas dos acórdãos se tenham sentido ofendidas pelas decisões dele.
No final da entrevista, quando questionado sobre se teve algum processo de violência doméstica que o tenha marcado, Neto de Moura responde que os casos que tem julgado "não são particularmente graves".
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