O rebelde Exército Livre Sírio fez hoje um ultimato ao regime de Assad para o fim das agressões e ameaçou que se isso não acontecer deixará de respeitar o estipulado no plano de paz de Kofi Annan.
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Num comunicado do Comando Misto do ELS no interior da Síria os rebeldes exigem que neste prazo, que termina na próxima sexta-feira às 12h00 locais (10h00 em Lisboa), as forças leais ao Presidente sírio, Bashar al Assad, cessem toda a forma de violência.
Os opositores ao regime sírio pedem, além disso, a retirada do armamento pesado das cidades, o fornecimento de ajuda humanitária, a libertação dos presos políticos e a entrada dos meios de comunicação social no país, como estabelece o plano de Annan.
«Não há nenhuma justificação para continuar a respeitar unilateralmente a trégua» face aos massacres, assegurou no comunicado o porta-voz do ELS no interior da Síria, o coronel Qasem Saadedin.
«O regime é a única fonte do terrorismo e da violência, que por sua vez gera organizações terroristas, e é nosso dever defender e proteger os civis», sublinhou o coronel.
O ELS considera que a defesa dos civis não contradiz a legislação internacional e afirmou que o grupo é «o pilar da mudança civil e democrática e o garante da unidade e da segurança do Estado após a caída do regime».
Na nota, os rebeldes pedem também o início de «negociações sérias e verdadeiras» com a mediação da ONU para a entrega do poder ao povo.
O enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe, Kofi Annan, reuniu-se na terça-feira, em Damasco, com Bashar al Assad, para tentar salvar o plano de paz traçado para o país.
Foi a segunda visita de Annan à Síria desde o início da sua missão, há três meses, e ocorreu depois de no domingo o Conselho de Segurança da ONU ter condenado o Governo sírio por utilizar artilharia num massacre em que foram mortas pelo menos 108 pessoas na cidade de Houla (centro).
O plano de paz apresentado por Annan tem por base um cessar-fogo, iniciado a 12 de abril, que tem sido violado regularmente, apesar do destacamento na Síria de uma missão de observadores da ONU.
De acordo com os últimos dados da ONU, desde o início da revolta popular na Síria, em março de 2011, morreram mais de 10.000 pessoas devido à violência e 230.000 estão deslocadas.