Depois de uma luta renhida, os republicanos seguraram o Senado mas os democratas reconquistaram a maioria na Câmara dos Representantes. O poder no Congresso vai ficar dividido mas também mais equilibrado. Os partidos terão forçosamente de se entender e cooperar. O que não vai ser fácil.
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Foi o cenário em que mais se falou nas sondagens e acabou por se confirmar: Os republicanos seguraram o Senado e os democratas retiraram-lhes a maioria na Câmara dos Representantes.
A luta esteve renhida até meio da noite mas os democratas acabaram por dar a volta e sair por cima. Agora, no Congresso o poder estará dividido mas também mais equilibrado e ambos os partidos terão interesse em cooperar, ainda que seja difícil em vários aspetos.
O resultado acaba por ser um cartão amarelo ao presidente Donald Trump, que vê o Partido Republicano perder terreno, dois anos depois de ter sido eleito para a Casa Branca.
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Durante a noite eleitoral, Donald Trump manteve-se em silêncio. Esteve "mudo" durante oito horas no Twitter, um recorde para quem usa e abusa desta rede social. Às onze da noite em Nova Iorque, o Presidente acabou por dar sinais de vida. Num tweet a dizer que a noite fora um "tremendo sucesso".
A partir de agora, arranca um novo ciclo no calendário político norte-americano, que já está de olhos postos nas eleições presidenciais de 2020. Antes disso, republicanos e democratas terão primárias em 2019 para ver quem lidera a corrida à Casa Branca, daqui a dois anos.
As eleições intercalares desta terça-feira foram uma espécie de referendo a Donald Trump e às medidas que têm sido tomadas pelo Presidente norte-americano.
Em causa estão as eleições mais diversificadas da História norte-americana e os resultados das eleições que são uma espécie de referendo para Donald Trump.
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07h55 - Apesar dos resultados ainda não estarem totalmente apurados, é quase certo que os republicanos deverão perder oito lugares de governador
Com ainda cerca de 30 lugares na câmara de representantes por apurar, as projeções indicam que o Partido Democrata deverá ficar com 227 lugares, contra 208 dos Republicanos.
No Senado, três corridas estão ainda em aberto, mas as projeções indicam que os Republicanos devem manter o controlo, reforçando com entre um e três lugares (54 contra 46).
Na disputa de lugares de governador, falta ainda decidir os Estados de Wisconsin, Georgia, Connecticut, Alaska e Nevada, mas as projeções mais recentes indicam que os Democratas deverão ganhar oito novos Estados, aumentando a vantagem de 16 que já possuíam sobre os Republicanos.
06h24 - Número recorde de mulheres eleitas para Câmara dos Representantes
As mulheres vão quebrar o recorde atual de 84 que ocupam funções ao mesmo tempo na Câmara dos Representantes no Congresso norte-americano, para cujo órgão foram realizadas eleições esta terça-feira nos Estados Unidos.
Com os boletins de voto ainda a serem contabilizadas em todo o país, as mulheres já conquistaram 75 lugares e garantiram pelo menos a vitória em nove distritos, onde as mulheres são as únicas candidatas pelos grandes partidos. Mais de 230 mulheres, muitas delas candidatas pela primeira vez, participaram das eleições gerais nas eleições para a Câmara dos Representantes.
04h55 - Trump congratula Pelosi pela vitória democrata na Câmara dos Representantes
O chefe de equipa da líder dos Democratas na Câmara dos Representantes tweetou que Donald Trump ligou a Nancy Pelosi para lhe dar os parabéns pela conquista da maioria na Câmara por parte do seu partido. "Ele reconheceu o pedido da líder para que exista bipartidarismo e se alcancem acordos", acrescentou Drew Hammill.
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04h35 - As mais recentes projeções da CNN confirmam a vitória dos democratas na Câmara dos Representantes, que podem conquistar até mais 35 lugares.
"Isto é mais do que apenas um assunto entre democratas e republicanos. É sobre equilibrar os poderes constitucionais e responder à Administração Trump", disse Nancy Pelosi, líder do Partido Democrata na Câmara dos Representantes. "Os democratas defendem um Congresso que trabalhe para as pessoas", garantiu Pelosi, antes de agradecer aos eleitores: "graças a vocês, amanhã a América verá um novo dia."
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03h47 - Última projeção da CNN indica que os republicanos mantêm o controlo do Senado. Democratas devem conquistar a Câmara dos Representantes.
02h14 - "Vamos ganhar!" Nancy Pelosi, líder do Partido Democrata na Câmara dos Representantes, deu voz à primeira reação da noite eleitoral nos Estados Unidos, quando ainda há assembleias de voto por encerrar.
01h50 - Impulsivo, anárquico e perigoso. Um livro sobre Trump que dá medo
"Medo - Trump na Casa Branca", o livro de Bob Woodward, a quem um dia Trump disse que "o verdadeiro poder era o medo".
01h40 - "Tenho de proteger o país." Quando o conselheiro de Trump lhe roubou uma carta em nome da Segurança Nacional
A TSF dá-lhe a conhecer o prefácio do livro de Bob Woodward, o jornalista que tirou Nixon do poder depois ao trazer a público o caso Watergate.
01h00 - Consuma-se a primeira reviravolta da noite. Democratas conquistam a Virginia
Uma sondagem da CNN indica que o estado da Virginia será o primeiro estado a inverter o seu sentido de voto. A republicana Barbara Comstock perdeu o seu lugar na Câmara dos Representantes para a democrata Jennifer Wexton.
00h05 - Bernie Sanders reeleito no Vermont
De acordo com as projeções da CNN, Bernie Sanders vence o terceiro mandato, o que poderá reforçar uma possível corrida à Casa Branca nas próximas eleições presidenciais.
00h00 - Mais urnas fechadas nos EUA
Georgia, o restante do Indiana e do Kentucky, New Hampshire, Carolina do Sul, Vermont, Virginia têm as urnas fechadas.
00h00 - Trump passou o dia longe do olhar público
Chefe de Estado norte-americano passou o dia na Casa Branca e manteve-se 'em silêncio' no Twitter.
Saúde e imigração foram as questões que o eleitorado norte-americano mais teve esta terça-feira em mente ao depositar os boletins de voto nas urnas destas eleições legislativas intercalares, segundo uma sondagem da agência noticiosa Associated Press (AP).
23h40 - Trump pode tirar vantagem das eleições
O analista John Zogby, fundador da empresa de análises e sondagens John Zogby Strategies, afirmou numa conferência de imprensa que o Partido Republicano, sobre o qual Donald Trump tem muita influência e poder, está a ser "competitivo" e não está a facilitar as ambições dos Democratas de ganhar a maioria dos 435 lugares na Câmara dos Representantes.
23h00 - Primeiras urnas já fecharam
Primeiras urnas acabaram de fechar. Em causa estão os resultados de grande parte do Indiana e de parte do Kentucky.
22h52 - Redes sociais atentas às interferências em eleições
Facebook e Instagram fecham 115 contas suspeitas de tentarem interferir nas intercalares. Maioria das contas do Facebook estavam em francês ou russo. No Instagram, o inglês dominava.
O vídeo de 30 segundos mostra o julgamento de um imigrante ilegal mexicano que foi condenado pela morte de dois polícias em 2014. Durante as imagens, o homem lamenta ter assassinado apenas duas pessoas e promete fugir da prisão para matar mais pessoas.
Quais os lugares em causa?
Neste momento, a Câmara dos Representantes e o Senado são controlados pelos republicanos, com uma margem confortável na câmara baixa (235 congressistas contra 193 congressistas Democratas) e com uma margem curta a câmara alta (51 contra 47 senadores Democratas e dois independentes).
Porém, as sondagens dos últimos dias têm colocado os democratas em vantagem. Se assim for, o Partido Democrata pode mesmo recuperar o controlo da Câmara dos Representantes, bem como ganhar entre seis e dez governos estaduais, apesar de não conseguir eliminar o controlo Republicano do Senado.
Resultados podem dar (mais) ou tirar poder a Trump
Se os democratas alcançassem a maioria no Congresso seria um pesadelo para o Presidente Trump. As previsões apontam para dificuldades na aprovação de projetos de lei e ratificação de tratados, aumento de comités de investigação e supervisão ao poder executivo da administração Trump e até para a hipótese de o Presidente ser alvo de um processo de destituição por parte da Câmara dos Representantes (por traição, corrupção ou outros crimes como desvios de conduta), embora tenha sempre de haver maioria favorável no Senado. Com um Senado democrata, Donald Trump estaria também mais limitado nas escolhas judiciais para o Supremo Tribunal.
Por outro lado, se os republicanos mantiverem a maioria no Congresso será ouro sobre azul para Donald Trump. O Presidente sairá reforçado com o resultado das eleições intercalares e sentir-se-á legitimado pelas medidas que tem vindo a tomar.
As previsões apontam para que continue o ataque ao Obamacare, insista no financiamento do muro na fronteira com o México e estabeleça uma nova descida de impostos. Além disto, um Senado controlado pelo Partido Republicano continuaria a permitir aprovar juízes mais conservadores para o Supremo Tribunal.
Ainda sem resultados, assessores de Donald Trump mostraram-se sobretudo preocupados com os sinais de desgaste da popularidade do Presidente e com a perda de uma parte importante da sua base de apoio, essencial para acalentar as ambições de uma reeleição, dentro de dois anos.
*A TSF nas Eleições Intercalares dos EUA com o apoio da FLAD - Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.
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