Convicto da inocência de Costa, Santana Lopes diz que PM "não pode carregar" peso de suspeita
Pedro Santana Lopes destaca, à TSF, que tem o chefe do Executivo demissionário "na conta de uma pessoa íntegra" e aponta que "há 24h, António Costa era suposto cumprir a legislatura e, se calhar, até ir para um lugar de alta relevância na União Europeia". "Hoje, tudo isso está em causa."
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O antigo primeiro-ministro e líder do PSD Pedro Santana Lopes "lamenta", mas "compreende" a decisão de António Costa, que apresentou esta terça-feira a sua demissão. Para Pedro Santana Lopes, um primeiro-ministro "não pode carregar sobre os ombros" o peso de ser alvo de suspeita por parte do "órgão máximo da investigação do seu país".
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"Ser primeiro-ministro e estar sob suspeita - e o comunicado da Procuradoria refere de facto uma suspeita que a leva a abrir um processo - é impossível, impossível. Se a suspeita fosse lançada por um grupo de cidadãos... Mas não, é pelos outros órgãos do Estado, os que têm competência na matéria, e um primeiro-ministro, internamente e externamente, não pode carregar sobre os ombros uma suspeita desse tipo quando o órgão máximo da investigação do seu país o refere como possível alvo de uma suspeição", defende o atual presidente da câmara da Figueira da Foz, em declarações à TSF, acrescentando que esta situação talvez pudesse ser suportada por "um ministro" ou um "secretário de Estado, ainda mais", mas por um chefe do Executivo "é impossível".
"Ninguém esperava isto. Agora, depois de tudo o que se soube, compreendo a decisão do primeiro-ministro e acho que era inevitável. Não posso deixar de dar uma palavra de respeito por ele e ninguém fica contente, mesmo sendo alguém com diferenças políticas, nesses casos não interessa nada, interessa o país e interessam as pessoas", afirma o atual presidente da câmara da Figueira da Foz.
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António Costa, anunciou esta terça-feira a demissão da liderança do Governo, na sequência da abertura de um inquérito, pelo Supremo Tribunal de Justiça, à sua conduta nos negócios do lítio e hidrogénio verde.
Santana Lopes destaca, ainda, que tem o chefe do Executivo demissionário "na conta de uma pessoa íntegra" e, por isso, está certo da sua inocência.
"Não acredito que ele tenha culpa em algum processo que envolva crimes desse tipo, não sou do partido dele, nunca fui, nunca votei PS - estou à vontade para o dizer -, mas não acredito nisso e tudo se resolverá para ele, pelo menos. Agora, quanto tempo é que demorará não sei", aponta, expressando ainda a crença de que a vida política de António Costa não fique por aqui.
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O ex-primeiro-ministro lamenta, igualmente, a situação em que o país ficou, tanto "internamente como externamente", considerando que a demissão de um chefe do Executivo "é sempre péssimo".
"Não posso dizer que fiquei surpreendido depois das notícias todas que saíram, as detenções e ter saído a notícia - no tal comunicado da PGR - de que o primeiro-ministro tinha um processo desenvolvido pelo Supremo, como a lei manda, por existirem referências ao próprio, de declarações, não do próprio, mas de outros, que o citavam a ele como alguém que poderia desbloquear seja lá o que for", insiste.
Santana Lopes, sublinha ainda um "dos princípios básicos" do Estado de Direito: "Ninguém é culpado até ser condenado", referindo que "os tempos políticos são diferentes dos tempos da comunicação e dos tempos da justiça".
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O antigo líder do PSD defende também que, se um primeiro-ministro se demitir em função de um processo que está em investigação, então deveria ser transferido para o Ministério Público a governação do país".
"Porque (o MP) tinha a capacidade de demitir um primeiro-ministro ou de mandar abaixo um Governo apenas com uma investigação. E o Estado de Direito não é isso, é muito mais do que isso", esclarece.
Sobre o Orçamento do Estado para 2024, Pedro Santana Lopes diz que defenderia que este fosse ao Parlamento "se estivesse convencido de que a generalidade das bancadas teria um tipo de comportamento à altura da situação em que o país agora entra, que é uma situação gravíssima, no plano interno e externo".
"Há 24h, António Costa era suposto cumprir a legislatura e, se calhar, até ir para um lugar de alta relevância na União Europeia. Hoje, tudo isso está em causa", destaca.