Com os partidos a prepararem-se para a "rentrée", o comentador de política nacional da TSF, Paulo Baldaia, faz a antevisão do ano político, que será mais difícil para o líder do PSD.
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Os partidos preparam-se para a "rentrée" política. A Iniciativa Liberal já fez essa entrada, no sábado, em Armação de Pera, no Algarve. Já o PSD realiza, na segunda-feira, a tradicional Festa do Pontal, na Quarteira. O Chega também escolheu o Algarve para um comício a 24 de agosto, em Lagos. O PCP faz a "rentrée", como é habitual, na Festa do Avante, no início de setembro. O PS vai para Évora com a academia socialista e o Bloco de Esquerda viaja até Viseu.
Numa espécie de antevisão, Paulo Baldaia, comentador de política nacional da TSF, vê a esquerda com grandes dificuldades para recuperar votos perdidos, ao contrário do Governo. Quanto à direita, falta saber se a Iniciativa Liberal e o Chega conseguem concretizar o crescimento apontado pelas sondagens.
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Paulo Baldaia acredita ainda que o ano político vai ser mais difícil para Luís Montenegro.
"Ou vai ou racha para o líder do PSD, precisa de se afirmar com uma Vitória nas europeias, mas antes disso estará muito condicionado pelo resultado na Madeira e, sobretudo, perceber se vai ou não ficar refém do Chega, porque isso apenas diz respeito a Miguel Albuquerque, mas sobretudo terá implicações para o líder do PSD, Luís Montenegro, que poderá sofrer aquilo que Rui Rio sofreu", considera.
Para Paulo Baldaia, o Partido Socialista "já tem as coisas minimamente controladas e, como é poder, tem do seu lado a capacidade de mostrar aquilo que é capaz de fazer".
"Tendo um Orçamento do Estado para aprovar para 2024, onde se prevê que - e já foi dito pelo próprio Governo - existe a intenção de baixar o IRS, numa competição que é sempre favorável a quem está no poder, mas que o PSD vai querer jogar, também vai apresentar propostas. O Partido Socialista tem a seu favor o facto de ter o poder executivo", afirma o jornalista.
Por outro lado, a esquerda "está com grandes dificuldades em afirmar-se e em conseguir recuperar votos que perdeu nas últimas eleições".
Já à direita, "falta saber se a Iniciativa Liberal e, sobretudo, o Chega terão capacidade de concretizar o potencial de crescimento que as sondagens dizem que existe nesses dois partidos à direita do PSD".
"Mas é preciso ver se o fazem primeiro na Madeira e depois nas europeias. O PSD precisa que esses partidos não cresçam tanto como aquilo que é expectável para que o PSD se possa afirmar como verdadeira alternativa a uma maioria socialista", refere Paulo Baldaia.
À espreita, Paulo Baldaia encontra Carlos Moedas, que conseguiu, até esta altura, a confiança e a credibilidade que Luís Montenegro ainda não conseguiu.
Moedas "mostrou que é capaz de fazer, é capaz de trazer para Lisboa um evento de dimensão mundial, ser o principal organizador desse evento e fazer com que ele corra bem".
"Isso joga a seu favor. As pessoas não vão votar porque ficaram muito felizes pela Jornada ter corrido bem, mas porque demonstra que Carlos Moedas, como executivo, foi capaz e isso gera confiança. Desse ponto de vista, o melhor candidato do PSD, se tivéssemos que ir para eleições, era claramente Carlos Moedas porque já gerou uma confiança que Luís Montenegro ainda não foi capaz de gerar no eleitorado. Se tivesse sido capaz, o PSD teria uma distância muito grande em relação ao Partido Socialista face a tudo aquilo que aconteceu", sublinha.
De acordo com Paulo Baldaia, "se as europeias correrem bem a Montenegro, será muito importante ter Moedas como candidato à Câmara de Lisboa, porque isso ajuda a catapultar o partido para as legislativas seguintes". No entanto, "se correr mal, Moedas será candidato à liderança do PSD e, nesse sentido, esta Jornada Mundial da Juventude ajudou no caminho que Moedas vier a fazer".
Quanto ao ano político de Marcelo Rebelo de Sousa, Paulo Baldaia defende que a dissolução não será tema nem antes nem depois das europeias.
"Primeiro porque o Presidente da República perdeu o chão, deixou de ter capacidade de ser ele a gerir esse andamento e segundo porque é muito pouco expectável que o Partido Socialista venha a ter uma derrota eleitoral pesada nas eleições europeias e, assim sendo, obviamente, o Presidente da República estará, no que resta do seu mandato, sempre muito crítico com o Governo, com o primeiro-ministro, mas, sobretudo, à espera do que possa acontecer do lado da sua família política. Se Montenegro não for capaz de ganhar as eleições europeias, isso também serve politicamente ao Presidente da República, porque a partir daí o problema já não é o que o Presidente da República pode ou não pode fazer, é o que a direita tem que fazer para se reestruturar a tempo de disputar as eleições legislativas de 2026 e ganhá-las", acrescenta.