Sem Pedro Nuno Santos, deputados encerram inquérito à TAP com críticas de "ingerência"
A relatora Ana Paula Bernardo voltou a defender as conclusões do relatório, apelando aos deputados que "leiam" o documento na íntegra.
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No debate final sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP, houve uma ausência notada entre os 230 deputados: Pedro Nuno Santos. O antigo ministro foi um dos protagonistas da CPI e, agora, como deputado, não marcou presença no debate que fechou o capítulo que ditou a sua demissão das Infraestruturas.
Uma semana depois da aprovação do relatório final, em comissão, os deputados voltaram a trocar argumentos, com o PS de um lado e toda a oposição do outro. A relatora Ana Paula Bernardo teve três minutos para voltar defender o relatório, e aproveitou para responder às críticas.
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Ao contrário do que alega a oposição, "a quase totalidade dos atuais e ex administradores da TAP negaram a existência de interferência política", pelo que a relatora deixa a questão: "Seria de esperar que factos isolados levassem à conclusão de uma prática reiterada de ingerência política?".
Os deputados socialistas ficaram sozinhos no voto a favor ao relatório, com os restantes partidos a votarem contra, no entanto, Ana Paula Bernardo tem uma visão diferente, lembrando que várias alíneas com "recomendações e conclusões" foram aprovadas por outras forças políticas.
"O relatório foi aprovado na globalidade apenas com os votos do PS, sim. Mas com o voto favorável em muitas recomendações e conclusões também de outros partidos. E essa é uma questão que não pode ser secundarizada", apela.
A oposição, no entanto, mantém o tom crítico ao relatório final, com o deputado do PS, Paulo Moniz, a acusar o Governo de "ingerência política". O deputado nota ainda a "volta de 360 graus" do Governo socialista que nacionalizou a empresa, mas quer voltar a vender a companhia aérea a privados.
"O caso Alexandra Reis foi apenas um sintoma do que é a prática do PS: interferência, domínio e capitulação, numa lógica do poder pelo poder", critica.
Também Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, lamenta que o relatório não fale das principais polémicas, como a atuação dos serviços secretos na recuperação do computador do antigo ajunto de João Galamba e de Pedro Nuno Santos, Frederico Pinheiro.
"Contra argumentos, não há factos. E, neste relatório, é um facto. O PS fez questão de retirar os factos do relatório", ironiza.
Três meses depois, está encerrada mais uma comissão parlamentar de inquérito, pelo menos no Parlamento. O PSD já anunciou que vai enviar as próprias conclusões para o Ministério Público.