

Paulo Baldaia
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Um belo exemplo do outro lado mundo: "Eles somos nós"
A política, tantas vezes vista como fonte de problemas, é com frequência exemplo de vida. A Nova Zelândia é do outro lado do mundo, normalmente sem grande destaque no palco internacional mas, nos últimos anos, o mundo olhou para este arquipélago da Oceania com um sorriso, respondendo ao sorriso que de lá transmitia Jacinda Ardern.

A nódoa que nem "uma remodelação do discurso" consegue tirar
Há uma grande volatilidade na política à portuguesa. O horror ao vazio não deixa espaços por preencher e, se a alternativa é inexistente, o poder tem de fazer oposição a si próprio como única forma de se regenerar.

Quem tem um partido assim, nem precisa de oposição
O que é que se pode dizer de um governo que coleciona casos? Que o último é só mais um. Já não sobra muita coisa para dizer. Bem sei que temos de ser governados e que a alternativa não existe. Na oposição dizem que ainda não existe, mas parece que ela já é mais forte dentro do próprio PS. Há pelo menos ali mais ambição que na São Caetano à Lapa.

Quem tramou Pedro Nuno Santos?
A resposta à pergunta que faz título desta crónica tem que começar por ser: o próprio. Mas dizer apenas isto é ficar muito longe de uma resposta que possa satisfazer até os menos exigentes. Temos de seguir a sugestão de Marcelo Rebelo de Sousa e começar pela pré-história. Vamos situá-la, não no momento em que Pedro Nuno Santos conspirou para tirar António José Seguro da liderança, oferecendo-a a António Costa, mas um pouco mais à frente, no momento em que o agora ex-ministro galvaniza um congresso socialista com um discurso à esquerda e obriga Costa a avisar que ainda não tinha metido os papéis para a reforma.
Depois disso, Pedro Nuno Santos foi promovido a ministro com uma pasta muito importante, um paradoxo para uma relação que ganhava fama de ser feita entre um líder que não gostava de quem estava na linha da frente para lhe suceder. No entretanto, a Geringonça estava a morrer e a importância política de Pedro Nuno Santos no governo a diminuir. Chega a maioria absoluta e nada muda nesta relação, até ao célebre episódio do despacho do ministro revogado pelo primeiro-ministro.

A data convida Marcelo a adiar novamente a eutanásia
Marcelo Rebelo de Sousa verá chegar o dia em que António Costa precisará de novo dos seus bons ofícios. Por agora, o Presidente limita-se a lançar avisos ao chefe do governo, a um ritmo diário, sobre os limites do poder em Democracia. O poder limitado que o próprio Chefe de Estado tem, preso ao que diz a Constituição e à vontade do povo, é, no entanto, um poder imenso. Este Natal, terá oportunidade de nos mostrar isso mais uma vez.

António Costa, o novo Dono Disto Tudo
A entrevista de António Costa à revista Visão revela um primeiro-ministro que sabe que não tem concorrência a sério na oposição, que tem no Presidente um amigo e dispõe de milhares de milhões de euros para distribuir. Habituem-se, são mais quatro anos é a garantia que nos deixa o novo Dono Disto Tudo. Sendo que é de Portugal que estamos a falar, onde até os empresários mais liberais estão sempre à espera de ver o que pinga do Estado e onde quase metade dos cidadãos são pobres à espera que os subsídios os tornem um pouco menos pobres, Costa pode dar-se ao luxo de desrespeitar adversários políticos a quem acusa de guinchar e, ainda pior do que isso, confessar o particular gozo que lhe deu fragilizar politicamente o seu ministro das Infraestruturas e da Habitação, considerando que se tratou do "único caso verdadeiramente grave". Ter fragilizado politicamente o ministro que tutela a TAP, que conduz a política de habitação, das estradas e dos caminhos de ferro não tira o sono ao primeiro-ministro, mas devia tirar-nos a nós todos, que sairemos de dez anos de governo de António Costa sem que muitos dos problemas estruturais do país tenham sido resolvidos.

Mendes, o "irmão" de Alves
Com a promoção de António Mendonça Mendes a secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, toda a gente notou que as intenções mais nobres do primeiro-ministro para acabar com o "familygate" tinham prazo de validade. Num Conselho de Ministros onde não podiam estar pai e filha (José António e Mariana Vieira da Silva) ou marido e mulher (Eduardo Cabrita e Ana Paula Vitorino) podem agora estar tranquilamente os dois irmãos Mendes (Ana Catarina e António).

A guarda pretoriana do Catar
Num país de pouco mais de três milhões de habitantes, o direito a ser cidadão está reservado aos que nascerem filhos de pais cataris. Neste momento, são pouco mais de 300 mil. A renda per capita é das maiores do mundo, com o petróleo e o gás a representarem metade da riqueza anual. A família real ganhou o direito de governar há mais de 100 anos, antes mesmo da passagem do domínio otomano para o domínio britânico, a independência do país tem 51 anos e a Democracia nunca chegou.
