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Boa tarde. As contas públicas portuguesas já começaram a sentir o impacto da pandemia e o superavit... já era. E o primeiro-ministro avisa que ao mínimo sinal de retrocesso, depois do alívio das medidas de restrição, o Governo não hesitará em apertar novamente essas medidas. Mas antes, vamos aos números do dia.
Os números mais recentes
É o número mais baixo do último mês: Portugal registou 163 novos casos de contágio por Covid-19. Ao todo são agora 24.027 infetados. Nas últimas 24 horas registaram-se 25 mortes, elevando assim a contagem dos óbitos para 928.
Apesar do aumento ligeiro (mais 331), a tendência em Espanha tem sido de diminuição do número de mortos. Desde o início da pandemia já perderam a vida mais de 23.500 pessoas e os casos de contágio totalizam 209.485.
Depois do susto que apanhou, Boris Johnson parece ter agora uma nova perspetiva sobre a pandemia. No regresso ao trabalho, o primeiro-ministro britânico pediu "paciência" aos britânicos e decidiu manter o confinamento para evitar uma nova vaga. No Reino Unido já morreram mais de 20.700 pessoas.
A somar mortes, continuam os Estados Unidos. Mais 1330 só nas últimas 24 horas, de um total de 54.841. O número de infetados está perto dos 965 mil.
Boas notícias do lado de lá do mundo: a Nova Zelândia anunciou que venceu a batalha contra a Covid-19 e prepara-se para reabrir a economia.
A contagem mundial aponta agora para mais de 200 mil mortos e quase três milhões de infetados.
O que se passa no terreno
No Japão, há oito portugueses que estão desde janeiro retidos num navio. Dois estão infetados com Covid-19. A situação está a ser acompanhada pela embaixada de Portugal em Tóquio.
Por cá, o Governo prepara o regresso às aulas presenciais do 11.º e 12.º anos para 18 de maio. Enquanto as cresces só devem reabrir no dia 1 de junho.
Os diretores escolares não têm nada contra, mas avisam que as escolas têm de "ter condições de higienização e de reorganização". Aguardam, por isso, indicações do Executivo.
As Forças Armadas estão, entretanto, a contactar as escolas para iniciar a higienização.
Quem também aguarda indicações são os pais que possam ter de regressar aos seus locais de trabalho, sem que as escolas estejam todas abertas. Onde deixar os filhos?
O que a política está a fazer...
O aviso é do primeiro-ministro: se o alívio das medidas de restrição nos fizerem recuar na luta contra a Covid-19, o Governo não hesitará em dar "um passo atrás".
É por essas e por outras que os médicos de saúde pública estão contra esse alívio. O presidente da associação que os representa - Ricardo Mexia - defendeu na TSF que a evolução dos novos doentes não está a correr como se esperava e que, por isso, não há condições para aliviar as medidas.
O ministro da Economia veio entretanto procurar acalmar os mais reticentes e lembra que o regresso ao trabalho terá regras mais exigentes. Não é um regresso ao normal, mas antes a um "novo normal".
Com o estado de emergência a chegar ao fim e o Governo a prepara-se para decretar o estado de calamidade, começaram a surgir dúvidas de vários constitucionalistas. António Costa não foi de modas e arrumou com o assunto: "Também sou jurista e sei a capacidade enorme que os juristas têm de inventar problemas."
De Belém chegaram hoje 14 indultos. O Presidente da República aceitou todas as propostas feitas pelo Governo que tinha recebido mais de 400 pedidos.
... e como tudo isto mexe com a economia
Adeus superavit. Os efeitos da pandemia nas contas públicas portuguesas já se fazem sentir. Nos primeiros três meses do ano o saldo orçamental afundou 762 milhões de euros.
A TAP decidiu prolongar o lay-off até 31 de maio. Ou seja, vai para o segundo mês de paralisação.
Há, aliás, estimativas de que o setor aeronáutico europeu perca qualquer coisa como 110 mil milhões de euros este ano por causa dos efeitos económicos provocados pela Covid-19.
Os efeitos desta pandemia também já se sentem nos lucros da Galp, que caíram 72% para 29 milhões de euros nos primeiros três meses do ano.
Mas sentem-se também nos trabalhadores. Mais de metade da população ativa está a sofrer redução de rendimentos. Uma em cada dez famílias já viu um dos elementos perder o emprego.
Mais de 1300 empresas e associações pedem ao Estado que faça pagamentos pontuais aos seus fornecedores.
Os ministros com a tutela do Turismo, na União Europeia, querem que este setor seja uma prioridade no plano de recuperação europeu.
E, claro, o futebol também não escapa à crise: FC Porto SAD vai pedir o adiamento do pagamento de obrigações por um ano.
Informações que lhe podem ser úteis
A Covid-19 é mais grave quando infeta fumadores. O alerta é dos pneumologistas em resposta a um estudo revelado a semana passada que tentava demonstrar que a nicotina tinha um efeito protetor em relação à doença. Não tem.
Do Reino Unido chega outro alerta: as autoridades sanitárias revelaram esta segunda-feira terem identificado uma síndrome relacionada com a Covid-19 entre as crianças.
Se gosta de futebol, fique a saber que a Liga e a Federação Portuguesa de Futebol estão a estudar a melhor forma de fazer regressar o campeonato. Mas a Liga quer testes obrigatórios antes da retoma dos treinos coletivos e dos jogos.
Em França, o PSG já deu ordem de regresso aos jogadores, para retomarem os treinos. Neymar vai ter de apanhar um avião para Paris o mais rápido possível.
A FIFA veio, entretanto, propor que os jogos de futebol possam ter cinco substituições em vez das três habituais. Isto para que as equipas consigam lidar melhor com a sobrecarga de jogos.
E se é adepto de Fórmula 1, vá acelerando - sem grandes pressas - para o sofá, que a prova deve regressar em julho, sem público, pois claro.
Sugerimos ainda que...
Se não ouviu, recomendo vivamente que o faça: "O trumpolineiro" é o título dos "Sinais" de hoje, com a genialidade do Fernando Alves.
A opinião hoje tem a assinatura do Pedro Tadeu que se interroga sobre se "o medo acaba com a morte do coronavírus".
"Como combater os sentimentos de solidão em tempo de Covid-19?" A pergunta tem resposta no mais recente episódio de "Sem medo do medo", com a Teresa Dias Mendes.
Se não ouviu no fim de semana, ainda o pode fazer: O "Governo Sombra" fala do "Luís, relaxado e vernhec".
E, claro, temos sempre o Tubo de Ensaio para nos animar o dia. Hoje é sobre "Trump e Corona".
Até amanhã.