


Reportagem TSF. Cruz Vermelha pede corredores humanitários em Kherson
Nadia, uma mulher de 35 anos, para o carro junto ao primeiro posto de controlo das forças ucranianas, na estrada que liga Kherson a Bashtanka, Viaja com os dois filhos, de 9 e 14 anos. Parece desorientada, pede-nos ajuda para chegar até Odessa. A fita branca que traz pendurada no retrovisor do carro deixa perceber a origem: Kherson, a cidade mais a sul ocupada pelo exército de Moscovo. As autoridades russas obrigam os civis da cidade a utilizar uma fita nos carros e no braço, tal como os soldados russos, o que transforma os civis em potenciais alvos.

Reportagem TSF. Em Mykolaiv espera-se o pior: "Os russos estão a preparar-se para ocupar a cidade"
Um míssil Iskander atingiu a subestação elétrica que fornece o bairro de Solyanyye, na parte norte de Mykolaiv. "Os russos estão a preparar-se para ocupar a nossa cidade", assegurava no local Dmytro Pletenchuk, o porta-voz militar da Região de Mykolaiv. No Telegram, o presidente da câmara dava conta de problemas elétricos numa parte distante da cidade.

Reportagem TSF: "Já não é seguro estar aqui." Mykolaiv bombardeada três vezes num dia
É o presidente da câmara, Oleksandr Syenkevych, quem o reconhece: a cidade deixou de ser um abrigo aceitável para quem ainda não saiu dela. O conselho é o de que o façam.

Roupa, brinquedos e tudo o que o exército precisa. Só faltam clientes no mercado do Sétimo Quilómetro
Quem ficou na Ucrânia não tem dinheiro para comprar coisas superfúlas. Mas ainda há quem tente ganhar a vida no mercado de Odessa.

Reportagem TSF na Ucrânia. "O bebé nunca saiu da cave enquanto eles ocuparam a aldeia"
"Foi disparado da Crimeia", assegura o médico Yuriy Vikrorovich Schevencko, enquanto mostra o que resta de um míssil que foi abatido pelas defesas ucranianas a 20 de março. Três peças de aço esperam agora ser removidas de um campo agrícola junto à aldeia de Kashpero-Mikolaivka. "Aqui está o motor, veem os propulsores?", pergunta de forma quase retórica. O homem dá mais uns passos. "Este era o depósito, ainda tem combustível." O médico tornado guia aponta depois para a peça maior com quase dois metros de comprimento: "Aquele é o corpo do míssil", explica, numa espécie de aula de anatomia balística.

"Em março de 1944, a aldeia foi libertada dos nazis. Em março de 2022 saíram os ocupantes russos"
Depois de terem fracassado na tentativa de ocupar a cidade de Mykolaiv, as tropas russas tentaram contornar a cidade pelo flanco norte para chegar a Odessa e ao Mar Negro. Pelo caminho, ocuparam várias aldeias.

O polícia Serghiy está num posto de controlo em Mykolaiv e as saudades de Portugal apertam
Serghiy estudou em Portugal quando tinha nove anos. No último mês, o agente ganhou mais um motivo para ter saudades de Portugal: a mulher e a sogra refugiaram-se em Camarate.

Reportagem TSF. Oleksandr e Larissa perderam em Mariupol a casa agora ocupada por "meio metro de cinzas"
Oleksandr e Larissa decidiram deixar Mariupol no dia em que a mãe da mulher morreu aos 97 anos de causas naturais. "Ela salvou-me a vida pela segunda vez. Deixou-me fechar-lhe os olhos e disse que nunca pensou morrer nestas condições", conta a filha. "Tinha acabado de lhe fechar os olhos", explica Larissa, recordando que, instantes depois, o prédio onde moravam foi bombardeado.

Reportagem TSF. Tatiana viu o marido ser traído e levado, encontrou-o morto ao pé de russos
Por toda a Ucrânia há relatos semelhantes aos que chegam das zonas próximas de Kiev. Lotskyne é uma aldeia a centenas de quilómetros da capital, mas também aqui os moradores descrevem abusos, torturas e assassinatos cometidos pelo exército ocupante. "Olhamos para o que aconteceu em Bucha ou Irpin e percebemos que foi uma questão de tempo. Aqui os ocupantes só ficaram seis dias." E ainda assim bastaram para abalar a vida de Tatiana Boshko.

"Dispararam todo o tipo de artilharia sobre nós. Não sei como fazer, mas não podemos ficar aqui"
"Fizeram uma 'limpeza' e mataram os militares russos que ainda tinham sobrevivido. Penso que foram cerca de 300 soldados russos." Ludmila, uma mulher com cerca de 60 anos relata, nervosa, que depois da vitória na batalha de Kyselivka, uma aldeia localizada a 50 quilómetros a leste de Mykolaiv, as tropas ucranianas passaram a zona a "pente fino".

Perto de Odessa. Tropas russas atingem porto de Chornomorsk
Esta cidade está localizada a 20 quilómetros a oeste de Odessa, onde, este sábado, entra em vigor o recolher obrigatório.

Reportagem TSF. "A diplomacia é criar pontes. A questão é: quão forte é o rio por baixo da ponte?"
A presença grega em Odessa é antiga. Para o lembrar basta observar a ânfora com mais de 2000 anos que Dimitris Dohtsis exibe no gabinete. "Foi encontrada durante umas escavações duas ruas aqui ao lado", explica o cônsul-geral da Grécia na Palmira ucraniana.

Reportagem TSF na Ucrânia. Popovich tem um plano que está em pausa no posto de controlo
Popovich, como pediu para ser chamado, é um homem com um plano que a guerra fez parar. "Estava a pensar em comprar dois ou três apartamentos junto ao mar. Mas agora estou aqui."

Reportagem TSF. "As batalhas vão terminar quando acabar o dinheiro na Rússia, lá para o fim de julho"
Há duas semanas Shevchenkove, uma aldeia na estrada que liga Mykolaiv e Kherson, ainda estava em mãos russas. Agora as linhas de Moscovo recuaram seis quilómetros. "Estão ali ao fundo", indica-nos um soldado, apontando para um imenso campo agrícola por semear. "Nós não os vemos, mas ouvimos. Enquanto estivemos na aldeia, os tiros de artilharia não pararam. De um lado e de outro." As tropas ucranianas tentam consolidar as posições conquistadas nos últimos dias, já os russos, que controlam grande parte da região, tentam avançar na direção de Mykolaiv. Na quarta-feira, mais quatro casas foram destruídas em Shevchenkove. Estavam vazias como estão quase todas as da aldeia. O presidente da câmara também não está. Mas não fugiu.

"Recebemos uma prenda do Putin, obrigado por nos libertar. Só não sei do que nos está a libertar"
"Há muito trabalho no meu departamento, muitas pessoas que precisavam de ser registadas... Temos crianças a nascer que precisam de ser registadas, temos famílias a formar-se independentemente de tudo. Eu caso as pessoas, eu casei os nossos militares." Deitada numa cama do Hospital Regional de Mykolaiv, Marina Andriyaj explica que, apesar de ter sido ferida, não tenciona abandonar o país. "O meu marido insiste, mas eu não vou", acrescenta a mulher de 35 anos.

"Será uma guerra de um ano e só acaba se Putin morrer, for morto ou matarmos as tropas russas"
Quando Oleksandr Syenkevych recebeu a TSF, Mykolaiv ainda não tinha sido atacada pela segunda vez no dia. Mas o presidente da câmara revelou que era essa agora a cadência dos bombardeamentos russos. O ataque chegou pouco depois de terminar esta entrevista: dez mortos e 46 feridos em Mykolaiv, o novo alvo do exército de Putin.

Reportagem TSF: "Ficamos até o fim." Mykolaiv não se rende e desafia as bombas russas
A cidade portuária do sul da Ucrânia esteve sempre ligada ao mar e à indústria naval desde a sua fundação, em 1789, por Grigory Potemkin, príncipe do império russo, a partir de onde foi criando a sua temível frota de navios de guerra que controlavam o Mar Negro.

Explosões no centro de Odessa. Ópera "sem marcas de bombardeamento."
O enviado especial da TSF à Ucrânia, Rui Polónio, esteve, na manhã desta segunda-feira, na zona da Ópera, em Odessa que se mantém "sem marcas de bombardeamento". "A Ópera está dentro da zona militar e habitualmente é inacessível aos jornalistas", mas esta segunda-feira foi dada permissão à comunicação social para "constatar que a Ópera não foi atacada". Inicialmente, foi avançada uma primeira informação que dava conta que o alvo das explosões podia ter sido a Ópera, mas a zona permanece intacta.
