João Soares elogia "grande dignidade" de Costa, não quer eleições e deixa reparos
Ex-governante classifica como "inaceitável" que a Procuradoria-Geral da República tenha posto "este processo em marcha com um aparato de dimensão gigantesca" sem esclarecer do que pode vir a acusar ou do que pode vir a ser suspeito António Costa.
Corpo do artigo
O antigo ministro da Cultura João Soares elogiou esta terça-feira, na TSF, a "grande dignidade" do momento da demissão de António Costa e deixou um "abraço fraterno" ao primeiro-ministro demissionário, defendendo que o país "não ganha nada com eleições" neste momento, tendo em conta a maioria absoluta "particularmente sólida".
Entrevistado em direto por Guilhermina Sousa, o antigo governante sublinhou que o país "deve muita coisa" ao até aqui líder do Governo, especialmente pelo "contexto particularmente complicado" que enfrentou durante a pandemia de Covid-19 e o início dos conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente.
"Deixo aqui um abraço muito fraterno e solidário ao primeiro-ministro do meu partido que se demite, e ao líder do meu partido, que se demite das duas funções", assinalou o antigo governante e comentador.
17296556
Sobre o futuro, Soares defende que o país "não ganha nada com eleições" neste momento, até porque "não é impossível que, dispondo o PS de uma maioria absoluta parlamentar que se afigura particularmente sólida, se encontre uma alternativa que não passe por eleições".
Por outro lado, diz compreender se a opção de Marcelo Rebelo de Sousa passar por essa opção e admite que "as pessoas queiram um esclarecimento também depois de uma crise". Idealmente, defende, o chefe de Estado pronunciar-se-ia "ainda hoje".
O antigo ministro de Costa não deixa de fazer reparos à conduta da Procuradoria-Geral da República (PGR), que "põe este processo em marcha com um aparato de dimensão gigantesca sem esclarecer exatamente aquilo de que pode vir a acusar o primeiro-ministro ou do que ele pode vir a ser suspeito, o que é uma coisa inaceitável".
TSF\audio\2023\11\noticias\07\joao_soares_comenta_costa
A PGR, assinala, "é a única instituição do Estado que não está sujeita a nenhuma espécie de avaliação, nem no plano político e eleitoral, nem no plano jurídico", algo que "nos deve fazer refletir".
João Soares deixou também elogios à conduta do primeiro-ministro pela disponibilidade para "falar com a justiça, uma coisa que está em consonância com o comportamento que teve em momentos anteriores".
O primeiro-ministro anunciou ao início da tarde desta terça-feira que apresentou a sua demissão ao Presidente da República após o Ministério Público revelar que é alvo de investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio.
Numa comunicação ao país, a partir da sua residência oficial, em S. Bento, Lisboa, o primeiro-ministro justificou a sua decisão afirmando que "as funções de primeiro-ministro não são compatíveis com a suspeita de qualquer ato criminal".