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Boa tarde. Estalou o verniz entre Rui Moreira e o Governo. O autarca já tinha ficado irritado quando percebeu que o Porto ia ficar de fora do Plano Nacional de Rastreio aos lares de idosos. Mas ficou ainda mais fulo quando ouviu a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, admitir a possibilidade de criar uma cerca sanitária na Invicta. Já lá vamos. Primeiro, os números que contam a história de mais um dia de pandemia.
Os números mais recentes
O número de mortos por Covid-19 continua a subir em Portugal. São já 140 as vítimas mortais no total, mais 21 comparativamente a domingo. Uma dessas vítimas mortais, um jovem de 14 anos, de Santa Maria da Feira, continua em investigação.
O número de pessoas infetadas também voltou a subir: 446 novos casos, o que faz elevar a contagem para 6408, desde janeiro. Recuperados continuam a ser 43, um número que não se altera há quatro dias. O primeiro-ministro avisa que o "país vai entrar no mês mais crítico" da pandemia, enquanto o secretário de Estado da Saúde promete um aumento significativo do número de testes realizados.
Fora de portas, em Espanha, a situação continua dramática. Mais de 800 mortes em 24 horas, o que faz elevar a contagem para 7340 vítimas mortais. Mas é quando abrimos um olhar para o mundo que os números se tornam ainda mais negros: a pandemia do novo coronavírus já matou quase 34 mil pessoas e já infetou mais de 700 mil pessoas.
O que se passa no terreno
Do "campo de batalha", que são, sobretudo os hospitais, continuam a chegar relatos de falta de equipamento de proteção para os profissionais de saúde. O Governo revelou esta segunda-feira que 853 testaram positivo para a Covid-19 e dois sindicatos de enfermeiros decidiram, por isso, avançar com uma providência cautelar para garantir os equipamentos de proteção individual nos hospitais e centros de saúde.
O que a política está a fazer...
Depois das críticas - e das mortes -, o Governo decidiu avançar com um plano de rastreio à Covid-19, em lares de terceira idade. Mas não em todo o país. Numa fase inicial foram contemplados apenas os distritos de Lisboa, Aveiro, Guarda, Évora e Faro. O Porto ficou de fora, Rui Moreira ficou irritado e decidiu ir para o Facebook para lembrar que Portugal é um país uno e indivisível.
Ainda mal refeito desta perplexidade, qual não foi o espanto do presidente da Câmara do Porto quando ouviu Graça Freitas anunciar, em conferência de imprensa, que a Direção-Geral da Saúde estava a ponderar fazer uma cerca sanitária à cidade do Porto, tal como aconteceu em Ovar. Apanhado de surpresa, o autarca considerou, em comunicado, que a medida é "absurda, inútil e extemporânea". Marcelo Rebelo de Sousa já veio meter água na fervura. Nisto e na possibilidade de um Governo de salvação nacional, que Rui Rio admite que possa vir a ser necessário no pós-pandemia.
...e como tudo isto mexe com a economia
Enquanto uns se perdem na tradução das medidas práticas para combater a pandemia, outros parecem perdidos na forma de fazer frente à crise económica que se avizinha.
Em Bruxelas, a presidente da Comissão Europeia prossegue as suas declarações de intenções, com pouca ou nenhuma consequência prática até agora. Desta vez, Ursula von der Leyen disse que "todas as opções estão em cima da mesa", incluindo os famosos coronabonds. Só se esqueceu de dizer que a decisão não é dela.
Enquanto nada acontece na Europa, o que vai acontecendo é que o sentimento de confiança dos consumidores continua a cair a pique e as empresas continuam a parar. A companhia aérea low-cost easyJet anunciou que todos os aviões iam ficar parados na pista, por tempo indeterminado.
Por cá, a CGTP avisa que já terão sido despedidos em Portugal cerca de 1600 trabalhadores e, juntamente com a UGT, as duas centrais sindicais continuam a pedir ao Executivo que proíba os despedimentos. O Governo diz que já aderiram ao lay-off simplificado 1400 empresas.
Informações que lhe podem ser úteis
Se está a pensar pegar no carro e ir dar uma volta, pense outra vez. Não faça isso. Fique em casa. A PSP fez esta segunda-feira uma mega operação STOP em Lisboa, no IC19, para verificar quem de facto precisava de andar na estrada. Formou-se uma fila tão grande que até parecia um dia normal de trabalho na capital. E a polícia avisa que estas operações vão continuar.
Até porque, mesmo que esta chuva de inicio de semana acabe por levantar e o sol regresse, muitas praias vão estar interditas. O Algarve, por exemplo, decidiu fechar todas as praias.
As farmácias têm, entretanto, uma linha de aconselhamento que vende medicamentos para entrega em casa.
Sugerimos ainda que...
Não perca esta terça-feira, a grande entrevista ao ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. O presente e, sobretudo, o futuro da economia portuguesa, num contexto que tem tanto de incerto como de negro. É depois das 10h00, na TSF em tsf.pt.
Esta segunda-feira estreou "Com os livros estamos mais próximos", um novo programa da TSF onde o ouvinte é que escolhe um livro e lê um excerto para o país ouvir. O Fernando Alves leu o primeiro, para mostrar como se faz. Mas, se quiser aproveitar estes tempos de isolamento para partilhar connosco a sua escolha de leitura, é só gravar um excerto até dois minutos e enviar para 913325103. Está tudo aqui.
Mas temos mais novidades para si: hoje, depois das 19h00, a Teresa Dias Mendes traz-lhe "Um dia de cada vez". Uma conversa de partilha de experiências sobre o isolamento social que estamos todos a viver. Também pode ouvir aqui.
O Pedro Tadeu questiona-se sobre se "Vamos perder a guerra ao coronavírus".