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Boa tarde. O estado de emergência deverá ser prolongado. O Governo admite todos os cenários para salvar a TAP, incluindo a nacionalização. E afinal não vai haver cordão sanitário no Porto. Vamos ao essencial de mais um dia marcado pelo novo coronavírus.
Os números mais recentes
Ainda longe do "planalto" prometido pela Direção-Geral da Saúde, o número de mortos em Portugal continua a subir. Nas últimas 24 horas perderam a vida mais 20 pessoas, elevando para 160 as vítimas mortais da Covid-19. O contágio entre a população continua a alastrar-se e Portugal contabiliza já mais de 7400 casos de infeção, mais 1035 face ao dia de ontem.
Mas há números que começam a não bater certo. A Direção-Geral da Saúde admite que pode ter havido um erro na contagem dos casos de infeção no Porto. Uma "metodologia mista" pode ter provocado uma duplicação do número de infetados. O que não significa que o total de infetados em Portugal não bata certo. O Nuno Guedes explica.
Em Espanha, nunca morreu tanta gente num só dia. Nas últimas 24 horas perderam a vida mais 849 pessoas, elevando assim a contagem dos óbitos para 8189. Números que estão a anos-luz dos Estados Unidos onde, ainda assim, já morreram mais de 3000 pessoas ou da Alemanha que contabiliza mais de 500 mortes ou ainda da Bélgica que já ultrapassou a barreira das 700 vítimas mortais, uma delas uma criança de 12 anos.
Em todo o mundo, esta pandemia já matou 36.674 pessoas. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pede "uma estratégia comum" para combater esta "crise humana".
O que se passa no terreno
Alguma confusão. Depois de Graça Freitas ter admitido ontem um cordão sanitário à volta do Porto - e de ter deixado Rui Moreira muito irritado -, hoje, não só a diretora-geral da Saúde se fez substituir na conferência de imprensa diária, como o secretário de Estado da Saúde decidiu desdizer tudo. Aparentemente o que na segunda-feira podia fazer sentido, na terça já "não faz qualquer sentido". Confuso? Não é o único.
Entretanto, há outros números assustadores, nos últimos meses. A mortalidade em Portugal está a aumentar, mesmo descontando as vítimas da Covid-19. A Direção-Geral da Saúde está a investigar as causas.
O que a política está a fazer...
A política está a prepara-se para prolongar o estado de emergência em Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa esteve esta terça-feira com o Governo e os vários partidos políticos, a ouvir os especialistas e concluiu que é preciso "manter pressão na mola". Por outras palavras, manter as medidas de contenção.
E, como esta é uma guerra com várias frentes, o Governo prepara-se para lançar novas linhas de crédito para as empresas no valor de sete mil milhões de euros. O anúncio foi feito pelo ministro da Economia, esta manhã, em entrevista à TSF.
Na Europa, Mário Centeno voltou hoje a alertar os Estados-membros para o risco de fragmentação da União Europeia. Nada que pareça comover muito o homólogo holandês que disse coisas repugnantes a semana passada. O ministro das Finanças da Holanda reconhece a "pouca compaixão" nas palavras que proferiu, mas daí a pedir desculpa... vai um pequeno grande passo que o holandês não quer dar.
À TSF, o ministro da Economia vai tratando de lembrar que "seria um erro trágico" a Europa voltar à política da austeridade, depois da pandemia. Fica o aviso e fica também para memória futura.
...e como tudo isto mexe com a economia
"O meu nome é Bond, Coronabond". Enquanto a Europa não se coloca de acordo sobre a mutualização da dívida, o Hugo Neutel explica-lhe o que isso significa.
Mas, será que chega? Dificilmente alguma coisa chegará a impedir a crise económica que se avizinha. Na mesma entrevista na Manhã TSF, o ministro da Economia garantiu que o Governo já está a pensar na retoma económica, admitindo, ao mesmo tempo, que, até lá, muitas empresas e muitos postos de trabalho vão mesmo perder-se.
Uma das empresas em risco é a TAP. A companhia aérea de bandeira decidiu avançar para o lay-off e o Governo concorda com a decisão. À TSF, Pedro Siza Vieira admite que, se as dificuldades financeiras da TAP continuarem a avolumar-se, o Estado poderá ser obrigado a tomar medidas mais drásticas para salvaguardar o interesse estratégico da companhia. Incluindo nacionalizar, se for preciso.
Quem também decidiu avançar para o lay-off em Portugal foi a Ryanair.
Informações que lhe podem ser úteis
"Esta morte é muito esquisita e não queria ir agora." O desabafo é de Adília Casadinho, 74 anos, uma das muitas pessoas idosas que, por estes dias, sofrem em dobro o isolamento social. Retrato de um Portugal idoso é uma reportagem da Catarina Maldonado Vasconcelos que vale mesmo a pena ler.
A Liga de Clubes está convencida que ainda é possível realizar os jogos que faltam desta temporada. Foi em entrevista à TSF que Pedro Proença explicou como seria possível encaixar o calendário futebolístico no calendário da pandemia. Nem que os jogos sejam todos à porta fechada.
E, já que hoje falámos tanto de aviação, sugiro que espreite os mapas que mostram o antes e depois da pandemia. Dou-lhe uma dica: o "formigueiro" de aviões desapareceu.
Sugerimos ainda que...
Leia a opinião do Daniel Oliveira sobre como "Rui Moreira exigiu o estado de emergência, mas só para os outros".
Ouça a conversa deliciosa da Teresa Dias Mendes com o Mário Laginha, em mais "Um dia de cada vez".
Tire todas as dúvidas sobre a Covid-19, no Perguntas com Resposta, e fique a saber como a chuva pode ter influência na forma como o novo coronavírus permanece no ar.
E aceite a sugestão de leitura do Pedro Pinheiro que hoje lhe lê um excerto de "A tia Júlia e o escrevedor", de Mário Vargas Llosa.
Quanto a mim, estou de regresso amanhã, à mesma hora.